16 de mai. de 2009
De quem é o disco?
Texto novo do Beni Borja:
Para escrever um livro só é preciso lápis e papel. Autores de livros não precisam de editoras para escrever suas obras.
Só para fabricar e vender o livro é que o autor precisa de uma editora. Por isso o escritor é o único proprietário da sua obra.
Para fazer um disco, um artista de música necessitava de um estúdio com equipamentos caríssimos.
Essa dependência de uma tecnologia inacessível determinou que as gravadoras pudessem exigir a propriedade da música gravada, pagando ao artista um percentual das vendas. A mesma lógica que se aplicou ao cinema.
Esse era o negócio da música gravada: A gravadora é dona da gravação porque ela banca os elevados custos de produção.
Com o advento da gravação digital essa lógica ficou obsoleta. Hoje, teoricamente, qualquer um pode produzir um disco em casa.
Então, a única razão que justificava um artista ceder a propriedade da sua obra em disco para uma gravadora, era o fato de que só ela podia lhe dar acesso aos grandes meios de divulgação. Só com o apoio de uma grande gravadora se poderia fazer sucesso de massa.
O monopólio do sucesso popular que as gravadoras detinham já era. Os sucessos populares de hoje no Brasil, as duplas de sertanejo universitário, as cantoras de axé, os Mcs de funk, as bandas de forró e calipso, todos se criaram à margem do sistema de divulgação das gravadoras.
Alguns optam pelo conforto de serem contratados por uma gravadora, já que discos são apenas uma parte quase ínfima do seu faturamento, outros constroem modelos de negócio totalmente independentes. Mas nenhum deles depende da gravadora para nada.
Essa nova correlação de forças exige uma nova mentalidade tanto de artistas quanto de gravadoras , e mudar a cabeça é o mais difícil.
A indústria do livro todo dia nos dá prova que é possível ganhar dinheiro sem que a empresa seja proprietária das obras que distribui.
Então, as gravadoras estão esperando o que?
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Texto preciso e que toca na única mudança estrutural na qual acredito que deveríamos focar. Vamos lá, criem serviços de distribuição eficientes para fonogramas que agora não são seus e voltaremos a trabalhar juntos. Cobrem para distribuir bem, atingir pessoas, planejar estratégias de divulgação e criem resultados. Esse é o tipo de empresa que estaria jogando o novo jogo. Esqueçam o resto. Seria um serviço na hora certa para um mercado carente .
ResponderExcluirMuitas gravadoras estão licenciando discos. Mas não colocam o mesmo empenho que antes.
ResponderExcluirAté porque, se o dinheiro atualmente já é pouco quando tiram 85%, quando baixam para 60% a coisa piora.
Na Som Livre os discos dos artistas que estão sendo lançados não são da gravadora mas o negócio também não é bom para o artista. Só dão o estúdio - técnico e músicos por fora - divulgação na imprensa e fabricam uma tiragem de 1000 discos.
Isso também não compensa.
Qual seria a solução?
O custo de escrever um livro é muito menor que o de gravar um disco e a divulgação muito mais barata porque não há jabá de rádio. Como se comparar com as editoras?
Ainda em busca de caminhos e modelos de negócio que incluam as gravadoras se elas só quiserem vender disquinhos de plástico.