26 de jul. de 2009
Então você quer fazer sucesso no mundo da música? Aqui estão as novas regras.
"A indústria da música em geral tem sido lenta para se adaptar às ferramentas da nova mídia. Enquanto gravadoras e editoras ainda estão brigando para manter o controle de suas propriedades, existe um mundo novo onde uma elite da nova mídia está trabalhando para encontrar ferramentas para possibilitar aos músicos a construção de uma ponta entre a nova e a velha mídia.
Seja oferecendo música de graça na rede, trabalhando para construir uma comunidade online, ou simplesmente começando um dialogo, os que procuram respostas estão rapidamente substotuindo os antigos jogadores.
Eu decidi conferir o New Music Seminar em Nova Iorque essa semana para descobrir como os músicos estão sendo “armados”.
O principal mentor dessa conferência, Tom Silverman, fundador da Tommy Boy Entertainment, começou esse Seminário em 1980 para discutir o futuro do mercado já naquela época.
Ele começou esses encontros para tocar uma indústria que era historicamente resistente a mudanças. Serviu como um fórum para jovens empreendedores lançarem seus negócios e fazer contatos e virou um modelo para novas conferências como a South by Southwest.
Desde 2000, as receitas da indústria da música vêm decrescendo regularmente. No ano que vem, pela primeira vez, as receitas com as vendas digitais devem ultrapassar as físicas. Até 2013 a conta será 80% digital e 20% física.
“A mudança não virá se você esperar pelas gravadoras”, disse Silverman. “Nós somos quem nós esperávamos.” A conferência quer ensinar artistas como fazer mais dinheiro e menos bobagens.
Não importa se você quer ser um artista, um empresário, um divulgador ou um empreendedor, aqui estão as regras para ser bem sucedido no negócio:
• O futuro é DIY (Do It Yourself – Faça Você Mesmo). Aprenda a usar ferramentas baratas ou gratuitas, mas lembre-se que o importante é o seu trabalho. Software não vai resolver seus problemas.
• O melhor marketing é informado pela arte. Você não pode criar um vídeo viral; tudo depende da audiência. Mas você pode chamar a atenção.
• Se você é um artista, não peça dinheiro emprestado. Só se mantêm o controle artístico mantendo-se o controle financeiro. O oposto se você for um empreendedor. Tim Westergren, fundador da Pandora estourou um dúzia de cartões de crêdito e devia dinheiro a todo mundo antes de fazer seu negócio decolar.
• Existem muitos lugares para vender sua música online: Amazon, MySpace, iTunes e TuneCore para iniciantes. Mas não subestime o poder de dar sua música. Lil Wayne ofereceu sua música gratuitamente por mais de um ano antes de lançar seu álbum. Ele trabalhou antes para construir sua base de fãs antes de pedir qualquer dinheiro.
• Os fãs são a nova gravadora. No negócio agora tudo depende da relação entre o artista e seus fãs, especialmente os “uber” fãs, aqueles que compram todo o merchandise, vão a todos os shows e divulgam suas bandas favoritas.
• A chave para estabelecer o contato com os fãs é o e-mail, o dado mais importante que você pode coletar. Tenha uma folha para isso em todos os shows. Peça à audiência para mandar uma mensagem de texto com seus e-mails para o celular do seu produtor e prometa manter pessoalmente esse contato. Dessa forma você terá e-mails e códigos de área. Construa uma comunidade online através de webcasts, fotos, entrevistas e vídeos de shows.
• Engaje seus fãs de uma maneira que faça sentido, nada forçado ou fingido. A banda We The Kings lançou uma série semanal na internet que teve mais de 300 milhões de views. Eles venderam 100.000 discos antes das músicas chegarem no iTunes.
• É perigoso que um artista gaste muito tempo com coisas que não são artísticas. Crie um time de empresariamento para tomar conta das ferramentas, marketing e tecnologia. Se você está começando convoque um amigo que adore música para desenvolver sua marca com você.
• Só assine contratos de curto prazo e se eles forem te dar muita visibilidade. Caso contrário você vai ficar fora do radar.
• Comece localmente, comece com uma tribo. As melhores histórias de sucesso de bandas começaram com uma cena musical. A internet tem permitido que tribos aumentem muito de tamanho. Entre em contato com bandas similares e divida shows com elas. Construam uma cena e trabalhem para que o sucesso aconteça para todo mundo ao mesmo tempo.
Se você perdeu o seminário de Nova Iorque, fique atento porque vai haver outra conferência esse ano em Chicago. Fique ligado no WalletPop para mais informações sobre a nova música."
16 de jul. de 2009
Quem disse que o streaming matou a partilha de ficheiros?
by Miguel Caetano on Julho 14, 2009
Antes do texto do blog queria dizer que ninguém pode dizer com certeza o que vai acontecer. Temos indícios e nos fiamos neles. Por isso, acho muito oportuno publicar no mesmo dia uma opinião contrária à do Gerd Leonhard - blog logo abaixo. As conclusões são de cada um.
"A acreditar numa artigo ontem divulgado pelo The Guardian sobre uma pesquisa da empresa britânica de estudos de mercado The Leading Question em conjunto com a Music Ally, os fãs de música estão a deixar de copiar ficheiros obtidos através de redes de partilha de ficheiros e a optar em lugar disso por serviços mais-ou-menos legais de streaming de música como o Imeem ou a Last.fm.
Segundo o inquérito baseado numa amostra de mil indivíduos, a percentagem global de fans de música que descarregam música não autorizada de redes de P2P pelo menos uma vez por mês desceu para os 17 por cento em Janeiro de 2009 face aos 22 por cento registados no inquérito de Dezembro de 2007. A maior descida registou-se mesmo na faixa etária dos adolescentes entre os 14 e os 18 anos: de 42 por cento em Dezembro de 2007 para 26 por cento em Janeiro de 2009.
À primeira vista, serviços gratuitos como o YouTube, MySpace e o Spotify – que caiu nas boas graças das grandes editoras discográficas provavelmente porque apenas está disponível naqueles países com mercados publicitários mais atractivos -, parecem ter ocupado o lugar do Limewire, Pirate Bay e outros sites de BitTorrent: 65 por cento dos adolescentes entre os 14 e os 18 anos afirmaram escutar regularmente música via streaming. 31 por centes deles disseram que fazem diariamente streaming de música a partir do seu computador face a apenas 18 por cento de todos os que foram interrogados.
Mas a jornalista que escreveu o artigo esqueceu-se muito convenientemente de referir que a percentagem global de fãs de música que admitiram já terem alguma vez partilhado ficheiros aumentou de 28 por cento em Dezembro de 2007 para 31 por cento em Janeiro de 2009. No comunicado os autores do estudo referem ainda que um número maior de fãs partilha CDs gravados entre amigos e transfere faixas via bluetooth do que aqueles que descarregam os MP3s de sites e redes de partilha de ficheiros.
Estes dados é que importam e são fundamentais para perceber a actual transição pela qual o negócio da música está actualmente a passar. Na verdade, embora os sites legais de música possibilitem que os titulares de direitos exerçam um maior controlo sobre os seus conteúdos, muitas vezes eles apenas são utilizados para saber se vale a pena ou não descarregar os álbuns – DE BORLA a partir do Pirate Bay ou do Rapidshare.
Ou seja, na prática as gerações mais novas parecem ter definitivamente abandonado o hábito de comprar CDs. Isso mesmo é demonstrado pelo facto da percentagem de fãs que partilham regularmente álbuns (13%) é superior à daqueles que adquirem a versão digital a partir do iTunes ou da Amazon (10%). O mesmo já não se passa com a percentagem de downloads legais de singles (19%) que já ultrapassaram os downloads a partir de redes de P2P (17%).
Mesmo assim, a distância entre o sector legal e ilegal começa a diminuir: se em Dezembro de 2007 o rácio de faixas obtidas a partir de redes de P2P face às adquiridas em lojas online era de 4:1, em Janeiro de 2009 esse rácio desceu para 2:1.
É claro que as editoras discográficas e as sociedades de gestão colectiva de direitos de autor têm algumas razões para estar contentes. Mas não muito é que tanto o YouTube como o Spotify têm demonstrado alguma debilidade financeira. Ou seja: se com o Pirate Bay eles não recebem absolutamente nada, com estes serviços de streaming eles apenas recebem alguns cêntimos de euros mensais por cada utilizador.
Para além disso, estudos deste tipo pecam sempre por uma grande falta de transparência. Será que os seus autores contaram com o Rapidshare, o MegaUpload e outras dezenas de serviços de alojamento de ficheiros online? Quais as perguntas que foram colocadas? Ficamos sem saber. Nisto tudo, apenas acho lamentável que pessoas perfeitamente razoáveis incorram mais uma vez no erro de confundir a partilha com o roubo apenas porque lhes é mais conveniente.
Já agora: é bom não confundir o cenário britânico onde se pode aceder ao Spotify e à Last.fm sem pagar nada com o da nossa terra, em que somos relegados a excertos de 30 segundos apenas porque não temos o poder de comprar suficiente para atrair anunciantes de prestígio.
(foto de Adri H segundo licença CC-BY-NC-ND 2.0)"