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19 de out. de 2009

Oposição ao projeto da resposta gradual do governo britânico aumenta de tom



Mais um artigo muito bom do Remixtures que nós reproduzimos aqui. Recomendo a todos que não deixem de ler os outros posts. O Miguel Caetano escreve muito mais frequentemente que nós e tem sempre um milhão de informações relevantes para quem se interessa pelo assunto.

Com que o governo britânico não deveria estar a contar era que o projecto de implementação de um sistema de resposta gradual em três etapas contra a partilha não autorizada de ficheiros apresentado pelo Secretário dos Negócios Peter Mandelson em Agosto fosse recebido com tanta animosidade.

Depois de um deputado do próprio executivo trabalhista de Gordon Brown ter proposto uma moção de oposição à suspensão do acesso à Internet dos alegados partilhadores, uma comissão parlamentar publicou um relatório onde arrasa completamente com a resposta da indústria discográfica à partilha de ficheiros e a sua incapacidade em apresentar alternativas legais populares aos sites de torrents e P2P. Como se isto não bastasse, o ISP britânico TalkTalk veio mais uma vez relembrar aos detentores de direitos e ao governo porque é que é injusto cortar a ligação de banda de larga de alguém apenas com base num endereço IP.


Quando o proprietário do endereço IP não é o culpado

A relação conturbada entre a TalkTalk e os detentores de direito não é propriamente recente. Há cerca de ano e meio a companhia garantiu que não iria aceitar servir de “cão de guarda” da indústria discográfica apenas porque esta tinha sido incapaz de se ajustar às mudanças tecnológicas. Mais recentemente, em Junho passado, o seu director executivo Charles Dunbstone afirmou que será sempre impossível travar a partilha não autorizada de músicas e filmes.

Como que para certificar-se de que a mensagem chegou a quem de direito, a TalkTalk resolveu agora demonstrar na prática a sua aquilo que já toda a gente com alguns conhecimentos de tecnologia e segurança informática sabia: não é justo sancionar um utilizador apenas porque a sua rede sem fios foi empregue sem o seu conhecimento para cometer um acto ilícito.

O ISP enviou um perito em segurança informática a uma rua de um bairro residencial de Stanmore, uma cidade pertencente ao condado de Middlesex, nos arredores de Londres. Uma vez aí chegado, ele começou a procurar por redes Wifi:

No período de algumas horas ele identificou 23 ligações sem fio na rua, mais de um terço do tal – que se encontravam vulneráveis a intrusões,” escreveu o director de estratégia e legislação da TalkTalk Andrew Heaney no blog da empresa. Dessas ligações, seis por cento estavam totalmente abertas (sem qualquer tipo de encriptação) e 28 por cento utilizavam tecnologia WEP, um protocolo de encriptação de dados que pode ser facilmente derrubado.

Após violar a segurança dessas redes (cujos proprietários tinham previamente dado autorização para tal), o perito copiou então uma série de downloads legais de músicas, incluindo o tema “Mandy” de Barry Manilow e a banda sonora do filme Peter’s Friends. Das 68 ligações WiFi encontradas, apenas uma usava WPA2, o protocolo de segurança mais forte. A maioria (65%) estava protegida com WPA que desde Agosto deste ano já não é considerado invulnerável.

Se estes resultados até não são tão maus assim, é preciso salientar que num outro bairro de Londres o mesmo perito descobriu que 41 por cento das ligações estavam vulneráveis. Segundo a TalkTalk, estes testes comprovam que a resposta gradual proposta pelo governo é completamente impraticável. Mais ainda, se levado às ultimas consequências, este sistema irá comprometer gravemente o princípio da presunção de inocência e, consequentemente, os direitos fundamentais dos cidadãos.

Já a pensar nestes eventuais problemas, no seu projecto de lei HADOPI o governo francês exige que o internauta seja responsável por garantir a segurança da sua ligação. Quem não cumprir, arrisca-se ao pagamento de uma multa. Mas segundo a TalkTalk, “é absurdo responsabilizar legalmente as pessoas pelo tráfego das suas ligações à Internet e exigir-lhes que impeçam qualquer tipo de tráfego não autorizado.”

COMISSÃO PARLAMENTAR: As editoras discográficas é que são as culpadas do problema da partilha de ficheiros

Enquanto isso, o All Party Parliamentary Communications Group (apComms) – um comité composto por deputados e lordes que se destina a estabelecer a ponte entre a indústria dos media e o Parlamento -, publicou um relatório que tinha vindo a ser elaborado desde Abril e que, entre outros temas relacionados com a privacidade, a pedofilia e a segurança no meio digital, trata da partilha de ficheiros. E as suas recomendações não podiam ser mais avassaladoras para as esperanças do executivo de cortar a ligação à Internet dos alegados partilhadores britânicos:

58. Concluímos que o problema da partilha ilegal de material protegido por direitos de autor foi provocado pelos próprios titulares de direitos e a indústria musical em particular foi bastante lenta a disponibilizar alternativas populares legais.

59. Consideramos que o corte do acesso dos utilizadores finais é totalmente inconsistente com as políticas de promoção do governo electrónico e recomendamos que se coloque de lado esta forma de lidar com a partilha ilegal de ficheiros.

60. Consideramos que é inapropriado tomar opções políticas no Reino Unido numa altura em que a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu ainda não chegaram a um consenso nas suas suas negociações relativas ao Pacote Telecom. Recomendamos que o Governo termine o seu processo actual de tomada de decisões política e o recomece com uma nova consulta assim que a União Europeia tomar as suas decisões.

Outra questão bastante importante para os utilizadores da Internet abordada no documento tem a ver com a defesa da neutralidade da rede. Neste sentido, os parlamentares britânicos defendem a posição assumida recentemente nos Estados Unidos pela Comissão Federal das Comunicações (FCC) de converter os princípios de base de uma Internet livre e aberta em leis:

212. Recomendamos que a Ofcom (entidade reguladora do mercado de telecomunicações britânico) mantenha em análise a questão da “neutralidade da rede” e inclua uma secção em cada relatório anual que indique se existem ou não sinais de mudança.

214. Recomendamos que a Ofcom legisle no sentido de exigir aos ISPs que indiquem claramente uma velocidade mínima garantida para as ligações de banda larga.

Por fim, uma sondagem online encomendada pelo Open Rights Group (ORG) à empresa de estudos de opinião YouGov baseada numa amostra de 1967 indivíduos de idade adulta revelou que 68 por cento dos inquiridos consideram que os indivíduos acusados da partilha não autorizada de ficheiros deveria ter direito a um julgamento imparcial antes de ser alvo de uma suspensão ou de qualquer outro tipo de sanção. Em contrapartida, apenas 16 por cento disse ser a favor de suspensões automáticas. Mais importante do que isso: 31 por cento admitiu que pensaria muito bem antes de votar num partido que apoiasse tal tipo de medidas. Um recado que deverá ser certamente levado em conta por todos os partidos actualmente no governo de países europeus.

(foto de alsokaizen segundo licença CC-BY-NC 2.0)

9 de out. de 2009

Fazendo as pazes II - Na Inglaterra os artistas pedem a palavra


John Newton da P2Pnet teve uma conversa com Billy Bragg - artista inglês de rock alternativo e membro da FAC (Featured Artists Coalition), organização de artistas que procura se posicionar coletivamente sobre os problemas da profissão nesses novos tempos - e chegaram a quatro pontos para tentar um entendimento entre todas as partes interessadas. Aí incluídos, especialmente, artistas e fãs.

1. Os criadores querem e precisam ser pagos e nós, amantes da música, queremos pagá-los.
2. Tentar usar sanções técnicas para resolver o “problema da pirataria” não vai funcionar de jeito algum.
3. Temos que começar a conversar, e manter as conversas abertas, até encontrarmos caminhos para solucionar os vários assuntos que têm nos mantido separados.
4. Precisamos de um espaço na internet onde todos possam se encontrar e encontrar soluções inteligentes, sem animosidade.

Está nos planos o lançamento de um blog no futuro próximo para que esse encontro se realize.

É muito louvável essa medida dos artistas ingleses, que estão procurando ter voz ativa no processo ao invés de deixarem as gravadoras, os governos e os “piratas” conduzirem esse barco.

Essa foi a intenção do meu primeiro texto “Fazendo as pazes”. Quero que todos os envolvidos, mas especialmente artistas e fãs – que são quem realmente importa nessa história, o resto é facilitador ou atravessador – possam tentar chegar a uma conclusão dos caminhos que possam ser bons para todos.

Estou esperando os artistas por aqui. Querem me ajudar a convocá-los?

11 de ago. de 2009

Estudo britânico: Mudanças na relação dos adolescentes com a música

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Deu no Hypebot e o Musicalíquida traduziu.

***

Uma nova pesquisa da UK Music joga uma luz sobre a complexidade do consumo, cópia e compartilhamento de música entre jovens de 14 a 24 anos.

Principais resultados:
  • Música continua sendo a forma de entretenimento mais valorizada.
  • 87% disseram que, para eles, copiar entre aparelhos é importante.
  • 86% já copiaram um CD para um amigo; 75% enviaram musica por e-mail, Bluetooth, Skype ou MSN; 57% já copiaram a coleção de musicas completa de um amigo; 39% já baixaram música.
  • Há um interesse real por novos serviços legalizados. 85% dos usuários de sites P2P disseram que se interessariam em pagar por um serviço de download ilimitado de MP3, tipo pega-o-que-você-quiser, de um site de armazenamento online; e 38% já riparam stream de TV, rádio ou internet.
  • O computador é a grande central de entretenimento – 68% dos entrevistados o utilizam diariamente para ouvir música. O adolescente em média já juntou uma coleção de mais de 8.000 faixas.
  • A posse da música é extremamente importante – online e offline.
  • A popularidade do P2P permanece imutável desde 2008 – 61% disseram que baixam música usando redes p2p ou torrent trackers. Deste grupo, 83% o fazem semanalmente ou diariamente.
  • Os jovens têm uma noção inerente do que é copyright, mas optam por ignorá-lo – a vasta maioria dos entrevistados sabiam que compartilhar conteúdo com copyright é ilegal e ainda assim continuam a fazê-lo.
“Ironicamente, para mim, talvez a maior mudança seja o contexto. Ao longo dos último 12 meses, o mercado de musica digital licenciada se diversificou imensamente – haja vista a competição no mercado de downloads e a força ganha pelos serviços de streaming. Ao mesmo tempo, a expectativa de parcerias comerciais com provedores aparece tentadora no horizonte. E, claro, artistas britânicos e a comunidade criativa continua a avançar: inovando, experimentando e se aproximando dos fãs, de formas novas e excitantes,” comentou Feargal Sharkey, CEO da UK Music.

“Claramente, o formato do nosso negócio como um todo continuará a evoluir. No entanto, não alcançaremos nada se não trabalharmos com os fãs de música, os fãs jovens em particular”, continuou. “Ignorar esse engajameto é por nossa conta e risco. Essa mensagem é clara.”

***

Vocês conhecem alguma pesquisa assim no Brasil?
Quais seriam os resultados?

Crédito da imagem: UK Music

20 de jun. de 2009

O dilema do pirata



Assistindo à fala do jornalista de música Matt Mason na Openvideo Conference, tomei conhecimento de um livro dele que me pareceu interessante. O autor já foi DJ e coisa e tal, daí que podemos antecipar algumas posições dele em relação ao tema. Mas tudo bem, fui à Amazon e reservei um na shopping cart. Vejam esta resenha que pesquei de lá:

The Pirate's Dilemma: How Youth Culture Is Reinventing Capitalism
From Publishers Weekly
Music journalist Mason, a former pirate radio and club DJ in London, explores how open source culture is changing the distribution and control of information and harnessing the old system of punk capitalism to new market conditions governing society. According to Mason, this movement's creators operate according to piratical tactics and are changing the very nature of our economy. He charts the rise of the ideas and social experiments behind these latter-day pirates, citing the work of academics, historians and innovators across a multitude of fields. He also explores contributions by visionaries like Andy Warhol, 50 Cent and Dr. Yuref Hamied, who was called a pirate and a thief after producing anti-HIV drugs for Third World countries that cost as little as $1 a day to produce. Pirates, Mason states, sail uncharted waters where traditional rules don't apply. As a result, they offer great ways to service the public's best interests. According to Mason, how people, corporations and governments react to these changes is one of the most important economic and cultural questions of the 21st century. Well-written, entertaining and highly original, Mason offers a fascinating view of the revolutionary forces shaping the world as we know it.

19 de jun. de 2009

Mulher recebe multa de US$ 1,9 milhão por disponibilizar 24 músicas no Kazaa

Do Globo.com

Jammie Thomas-Rasset deixa o tribunal após ser condenada a pagar multa de US$ 1,9 milhão / Foto: AP Photo

RIO - Uma mulher foi condenada a pagar US$ 1,9 milhão no único caso de troca de arquivos na internet a ir a julgamento nos EUA, desde que a Record Industry Association of America (RIAA) começou a processar internautas, em 2003. Jammie Thomas-Rasset, de 32 anos, foi condenada por um júri do estado de Minnesota, que considerou que ela violou direitos autorais e deve compensar as gravadoras. ( Disponibilizar músicas e filmes na internet deve ser considerado um crime? )

Jammie, mãe de quatro crianças, disponibilizou pela internet 24 canções de artistas como Sheryl Crow e Green Day. Segundo a BBC, ao sair da corte ela definiu a decisão como "ridícula". De acordo com o júri, Jammie terá de pagar US$ 80 mil por cada música.

- Não existe a hipótese deles receberem isso. Sou uma mãe, de recursos limitados, portanto não vou me preocupar com isso agora - disse ela.

Jammie já havia enfrentado uma acusação similar em 2006, quando seis gravadoras a acusaram de publicar na internet e distribuir 1.700 músicas através do software Kazaa. O processo, no entanto, foi anulado.

" Não existe a hipótese deles receberem isso. Sou uma mãe, de recursos limitados "

Um porta-voz da RIAA disse que as gravadoras que a associação representa - entre elas Sony, BMG, Universal e Warner - queriam resolver o caso fora da Justiça por um valor muito menor. A maioria das pessoas acusadas pela RIAA nos EUA aceitou acordos que resultaram em multas de aproximadamente US$ 2 mil. Jammie, no entanto, não aceitou o acordo e seu caso foi o único de cerca de 30 mil a ir a julgamento.

Além de processar indivíduos acusados de publicar grandes quantidades de músicas protegidas por direitos autorais na internet (normalmente acima de mil), a RIAA também se focou desde o início em tentar tirar do ar sites e programas que permitiam a troca dos arquivos. Assim o Napster, criado em 1999, foi obrigado a sair do ar dois anos depois.

Logo em seguida, no entanto, novas ferramentas surgiram. O Napster foi fechado sob a acusação de que poderia ter controle sobre seus arquivos, que eram centralizados em um servidor. As novas ferramentas trabalhavam sem servidores centralizados, fazendo apenas o contato entre os internautas, que mantêm os arquivos em seus próprios computadores. Uma decisão final sobre o tema segue indefinida.

Em dezembro de 2008, a indústria mudou de posição e passou a concentrar seu foco em acordos com provedores de internet, tentando conseguir informações sobre os internautas que trocavam uma maior quantidade de arquivos.

Na Suécia, o site The Pirate Bay enfrentou recentemente um processo no qual seus quatro "donos" foram condenados a um ano de prisão cada e multa de mais de US$ 1 milhão por "facilitar a quebra de direitos autorais".

De novo, com o processo anulado, só quem ganhou dinheiro foram os advogados. Nem artistas nem gravadoras viram um centavo. E ainda queimaram um pouco mais o filme - se é que isso é possivel - junto à opinião pública.

E eles acham que ganharam a batalha?

18 de jun. de 2009

Hobnox: criando música eletrônica online



Descobri o fascinante projeto Hobnox por uma dica do músico Alexandre Pereira, que por lá já "brincou". Como definir Hobnox? Vejam o que eles dizem de si próprios (os grifos são meus):

Hobnox is an online entertainment and publishing platform, a network for creatives and their fans. We unite broadcast-quality web media with cutting edge community-enabling technology. With Hobnox, an international media corporation is born. Created for artist by artists, Hobnox combines the best of current web entertainment with the newest technological possibilities of the internet to create fascinating opportunities for both artists and audiences.

Between November 2007 and February 2008, Hobnox called on artists to submit their projects to the "Hobnox Evolution”, an artist-development program that encouraged over 1,500 projects to be submitted for review. These artists became the first generation of the Hobnox-community. The development process of Hobnox embarked onto the next level:
a community, stage, library and the first web-based production tools for artists are now in a public beta-phase.

On hobnox.com
artists can present their content to the community, work on projects, collaborate and connect with like-minded artists. It will be the online platform for the creation and presentation of sophisticated web-entertainment. It will be a meeting point, a stage, a workshop and eventually a marketplace for creative content. In July 2008, these aspirations were awarded with the Grimme Online Award.



Se no Indaba music é possível mixar online trilhas de áudio, aqui é o lance é criar música eletrônica. O que chama mais atenção em Hobnox são as ferramentas online de criação de áudio e vídeo, o Audiotool e o Livetool, além de uma biblioteca de sons e imagens. Tudo free. Me concentrei no Audiotool, que tem uma interface linda, extremamente bem feita e metafórica, lembrando o Reason. Você vai arrastando com o mouse as máquinas de ritmo, o sequenciador de baixo, as mesas de 16 canais e os pedais de efeito e ligando uns aos outros com cabos. E pode gravar suas criações com até 5 minutos de duração.



Apesar dos recursos ainda muito limitados, é realmente fascinante, não apenas pela diversão de criar música eletrônica online, mas pela promessa de uma plataforma como essa elevada a um nível pro, num futuro não muito distante, à medida que as conexões com a web aumentarem de velocidade. É a fome com a vontade de comer: comunidades de pessoas criativas compartilhando ferramentas poderosas de criação.

Passem por lá e digam o que acharam.

8 de mai. de 2009

Nossos jovens transformados em marginais


Comecei a ler o e-book “Remix” do Lawrence Lessig – um professor de Direito em Stanford – e logo me deparei com algo que me tocou muito e que nunca tinha me ocorrido: se é ilegal trocar arquivos digitais pela internet mas todos os jovens o fazem, como resolver esse problema moral? Ou ainda pior, que plataforma moral vai sustentar nossa juventude? Se eles percebem que a ilegalidade não é tão problemática, que outros tipos de ilegalidade vão achar aceitáveis?

A lei tem que se adaptar aos costumes para não virar algo descartável. É o mesmo caso do sinal de trânsito à noite. Se ninguém respeita o sinal nesse horário ele passa a não ser visto como algo obrigatório. Em algumas outras ocasiões – “não vem ninguém...” ou “ninguém está olhando...” - ele acabará sendo desrespeitado, já que é uma decisão pessoal e não uma regra definitiva. Nesses casos o melhor é deixar o sinal piscando à noite. Aí temos uma diretriz clara: o sinal vermelho deve ser sempre respeitado. Não há espaço para subjetividade.

É isso que a atual lei de direitos autorais acaba gerando, uma sensação de que obedecer ou não à lei é uma decisão de foro íntimo. Afinal, todo mundo faz. Não nos adaptarmos aos novos tempos pode estar empurrando nossa juventude para uma posição flexível em relação ao estado de direito.

E no momento, na ótica da lei, são todos considerados marginais, comparáveis a traficantes e piratas reais. E o pior, eles não estão nem aí.

Como pai, acho fundamental que esse assunto seja debatido além dos interesses dos detentores de direitos autorais. E não estou dizendo que não acredito em propriedade intelectual. Eu fui um dos grandes beneficiados por esse sistema legal. Até hoje tenho uma boa arrecadação de direitos de execução pública por conta do tamanho e do sucesso da minha obra. Há muita coisa boa, mas muitas outras já não fazem sentido e são ruins para a convivência em sociedade.

Advogados e legisladores, manifestem-se!

18 de abr. de 2009

O que a indústria do conteúdo perde com a condenação do Pirate Bay

Tradução livre do blog da Wired

Sites como Pirate Bay ensinaram e continuam ensinando lições valiosas à indústria de conteúdo sobre como lidar como o mundo emergente da mídia social – Facebook, Orkut, MySpace, imeem, YouTube etc. - no qual as vendas formam uma pequena fatia das receitas, e no qual o que importa é quem gosta do quê e quem presta atenção a quê.

Dentre o que é mais importante temos as listas de amigos, os uploads dos usuários, os filtros de conteúdo dos mesmos usuários, marketing viral, conteúdo patrocinado por anúncios e a possibilidade de se garimpar muita informação valiosa.

As gravadoras sempre ficaram intrigadas com a quantidade impressionante de usuários que sites como Napster e Kazaa reuniam, embora ficassem reticentes em tirar vantagem disso.

Existe muita informação vital para as majors quando ela monitora a rede de compartilhamento de arquivos, como: a música mais baixada de um álbum que vazou pode dar a indicação de que single escolher; onde uma banda deve tocar pode vir dos IPs dos fãs; que artistas têm públicos semelhantes e podem dividir um show etc.

Vários sites foram “vencidos” pelas gravadoras e o Pirate Bay pode ser mais um. Mas nesse meio tempo novas formas de compartilhamento continuam a surgir, incluindo redes privadas e encriptadas. E com os espelhos que o Pirate Bay tem em outros paises, é provável que ele consiga continuar a operar. Alem disso, o Pirate Bay é só um engenho de busca focado em arquivos de filmes, música etc. Ele mesmo não tem conteúdo próprio. Google, Yahoo e MSN também levam a arquivos ilegais.

Mesmo com a indústria celebrando outra vitória sobre o compartilhamento de arquivos, o mundo está mudando rapidamente na direção de serviços on-demand, nas nuvens onde se pode ouvir música e ver vídeos de uma forma mais social e mais rápida que nos com bit torrent.

Os sites P2P criaram o DNA das redes sociais e dos novos negócios - mas são considerados inimigos. E os Facebooks da vida contêm mais dados dos usuários que os P2P aumentando as chances de se criar receitas através de publicidade, recomendações e, até, vendas ocasionais.

A vitória sobre o Pirate Bay, se ela realmente acontecer, só vai tirar a possibilidade de se conhecer melhor os hábitos e gostos de milhões de usuários – e potenciais consumidores.

A grande lição dos P2P é: Venda anúncios quando o conteúdo for gratuito e tente vender para as pessoas algo que elas não possam ter gratuitamente, seja algum bônus, acesso instantâneo, ingressos para show, boxes luxuosos, relacionamento etc.

Processos como esse contra o Pirate Bay fazem sentido na superfície, mas em outro nível são um jeito engraçado de dizer “Obrigado”.

17 de abr. de 2009

Fundadores e ex-CEO do Pirate Bay são condenados à prisão


Deu na Rolling Stone:

Três fundadores e um ex-CEO da primeira empresa de hospedagem do site The Pirate Bay, um dos maiores portais de download gratuito no mundo, foram condenados na última quinta, 16, pela justiça sueca, a um ano de prisão. Acusados de violar direitos autorais, Frederik Neij, Gottfrid Svartholm Warg, Peter Sunde e Carl Lundstrom (ex-CEO) terão ainda de pagar multa equivalente a R$ 7,75 milhões.

Após sabatina de duas semanas de interrogatório, dentro e fora dos tribunais, Sunde falou ao canal britânico BBC, na quarta, 15. "Estamos muito confiantes que vamos ganhar." Há poucas horas, o sueco mostrou em seu Twitter postura tranquila frente à decisão desfavorável ao quarteto. "Fiquem calmos - nada irá acontecer ao TPB. Conosco pessoalmente ou com a troca de arquivos. Isso é só teatro para a mídia."

Sunde achou graça, ainda, de ter tomado conhecimento da sentença antes mesmo do comunicado oficial. "Sério, é um tanto engraçado. Costumava acontecer apenas com filmes. Agora, até veredictos vazam antes do anúncio oficial", ironizou.

Ao descobrir que estava sendo processado, em 2008, Warg deu um recado às gravadoras em entrevista ao jornal sueco The Local: "Elas que se danem".

Em broadcast no TPB, Sunde afirmou preferir "queimar tudo o que tenho a pagar a multa". O caso, para ele, é coisa de cinema. Particularmente, da franquia Karate Kid. "Isso é como no filme. No começo, tem os valentões que implicam com Daniel San. Então ele apanha. É onde estamos agora. No final, teremos esta vitória épica. No final, iremos arrasar com eles."

Os réus foram acusados de prejuízos à indústria fonográfica, cinematográfica e de jogos eletrônicos por companhias como Sony BMG, EMI, Universal, Warner Bros, MGM, Columbia Pictures e 20th Century Fox Films. A ideia inicial era conseguir indenizações em torno de R$ 30 milhões pelos lucros não obtidos com os arquivos baixados gratuitamente desde a criação do site, em 2003.

Os advogados de defesa, que vão apelar contra o veredicto, partem do seguinte raciocínio: o Pirate Bay não alojava arquivos, e sim links - segundo as leis suecas, a indexação de arquivos não é criminosa. A corte, no entanto, não se convenceu.

O julgamento - considerado capital especialmente para a combalida indústria fonográfica - deve chegar à Suprema Corte da Suécia. Esse era o próximo passo prometido pelos criadores do site que contabiliza 22 milhões de usuários, caso perdessem na quinta.

À BBC, o CEO da Federação Internacional da Indústria Fonográfica, John Kennedy, afirmou que os suecos não agiam por princípio - a não ser o do dinheiro. "Esses caras não estavam fazendo nada por princípios, estavam nesta para encher o bolso. Não havia mérito algum a respeito do comportamento deles, era tudo repreensível."

Kennedy acredita que chegou a hora de a indústria musical dar um olé no quadro atual, que comporta muitos sites à imagem e semelhança do PTB. "Havia esta percepção de que pirataria é OK e que a indústria deveria simplesmente aceitá-la. O veredicto de sexta vai mudar isso."

Ao mesmo canal, dias antes, Sunde disse não enxergar diferença entre PTB e Google. Se a pena impetrada nesta sexta vingar, o sueco não poderá vir ao 10° Fórum Internacional de Software Livre, no qual estava agendado uma das mais importantes das 14 atrações internacionais, ao lado do fundador da Free Software Foundation, Richard Stallman. O Fils acontece em Porto Alegre, entre os dias 24 e 27 de junho.

Até agora, o golpe mais forte sobre o site datava de 31 de maio de 2006. Na época, policiais invadiram e apreenderam computadores na empresa que hospedava os servidores do Pirate Bay.

9 de abr. de 2009

Remixtures



Viajando por aí, topei com este blog português bastante interessante e informativo. Se apresenta assim:


Remixtures.com é um blog assinado por Miguel Caetano sobre a cultura da remistura. Com este espaço, pretendemos criar um posto avançado de observação e reflexão sobre o que de mais recente e interessante ocorre no domínio da cultura livre emergente - netlabels, net-art, P2P, copyleft, Creative Commons, Mash-Ups, remixes - e dos entraves que se colocam ao seu pleno desenvolvimento, no sentido da partilha e reapropriação generalizada do conhecimento. Porque todo o criador não é senão um (re)apropriador das criações de muitos outros.

Mais, no próprio Remixtures.

1 de abr. de 2009

Jovens americanos estão baixando menos música e ouvindo mais online


Como os adolescentes estão escutando música

Segundo pesquisa da NPD feita nos Estados Unidos com jovens entre 13 e 17 anos, a garotada tem baixado menos músicas - sejam pagas ou gratuitas - por não se interessarem pelo que encontram, ou por já terem músicas demais, ou por poderem ouvir online na hora que quiserem.

Esse é mais um dado a favor da remuneração por acesso ao invés de se tentar controlar a venda e a cópia de música.

Alguns dados:
  1. A venda de CDs para essa faixa etária caiu 26%
  2. A venda de faixas pela internet caiu 13%
  3. Os downloads em sites P2P cairam 6%
  4. Pegar músicas com os amigos também deixou de interessar 28% dos teens
  5. O número de jovens que escuta música online - imeem, lastfm, pandora etc. - aumentou de 34 para 58%
A empresa também detectou que a maior tendência é de que a maior parte do tempo gasto com música seja para fazer listas e colocá-las online. Mais do que buscando novas canções.

Acho que essa pesquisa vai gerar polêmica por aqui. Não vai, Humberto?
O negócio é que contra fatos não há argumentos.