Há uma guerra velada quando o assunto é baixar música. Por um lado temos os que berram que estão sendo roubados pelas pessoas que baixam músicas sem autorização. Do outro lado, muita gente que torce pelo desmantelamento total da indústria da música, como se isso fosse uma revolução para derrubar o poder. Os dois lados se olham com extrema má vontade e desconfiança. Isso só atrasa a possibilidade de se criar um consenso que nos leve a uma realidade benéfica para todos.
Quero tentar estabelecer uma ponte entre todos os interessados em música, das grandes gravadoras ao partido pirata. Parece ambicioso? Talvez seja, mas acho que é algo possível com um pouco de boa vontade e bom senso. Sei que, a essa altura, já devo estar parecendo estranho para os dois “times”.
Venho participando de muitos encontros diferentes e tenho percebido que o que existe é muita falta de informação. Discursos solidificados em torno de ideias nem sempre muito elaboradas.
Não dá mais para fingir que o mundo é o mesmo do milênio passado, nem que as regras antigas ainda se aplicam nesse novo mundo. Mas ainda há direitos a serem respeitados, contas a serem pagas e acervos maravilhosos nas mãos das gravadoras. A revolução digital nos faz voltar a olhar para o direito autoral e rever os caminhos que tomou, mas não para acabar com ele. O importante é fazer com que o direito do autor não seja um monopólio que impeça o acesso da humanidade a um patrimônio que pertence a todos, mas que ainda incentive os criadores a produzirem cada vez mais em prol da sociedade. E o dinheiro é um grande incentivo.
Para que as conversas possam prosseguir, e não sejam boicotadas por um lado ou por outro, é necessário que haja propostas concretas para se construir o nosso novo mundo.
Mas antes é preciso desmantelar alguns preconceitos.
Vamos aos radicalismos que eu vejo sendo cometidos em ambos ao “lados”, que impedem a troca sensata de ideias.
1) Temos que combater a "pirataria digital".
Em pesquisas nos Estados Unidos e na Inglaterra, uma grande parcela dos “conectados” afirma compartilhar arquivos na internet ou fora dela. Segundo a UK Music, 86% dos jovens ingleses entre 14 e 24 anos já copiaram um CD para um amigo; 75% enviaram musica por e-mail, Bluetooth, Skype ou MSN; 57% já copiaram a coleção de musicas completa de um amigo; 39% já baixaram música. Isso não quer dizer que muito mais gente não baixe música sem o declarar. Ainda mais com as ameaças que a RIAA e o Governo Britânico vêm fazendo. Mas as propostas de punição aos “piratas”, com multas e desconexão da internet, são caras, lentas e ineficientes. Dependem de advogados, juízes e muito dinheiro. E nunca será possível alcançar todos os “infratores”. Os juízes franceses já avisaram que o direito de acesso à internet é, hoje, um direito do ser humano, que também usa a rede para trabalhar, se comunicar, pagar contas, se informar etc. Portanto, para privar um cidadão de tal direito ele tem que ser julgado. Imaginem isso aqui no Brasil, quanto tempo levaria para que alguns usuários fossem “punidos”? Não parece uma solução muito razoável, não é?
Outro detalhe muito importante é que, para que uma pessoa tenha sua privacidade legalmente violada para fins de investigação, o crime em questão tem que ter pena prevista no Código Penal superior a um ano. Para cópia de material protegido sem permissão do autor a pena varia de três meses a um ano. Portanto, não seria um caso em que o tribunal autorizaria a quebra de privacidade, o que inviabilizaria a investigação. Sem investigação não há processo e, muito menos, condenação. O que fazer? Aumentar a pena? Aí, a mudança não é mais do direito autoral, mas do Código Penal.
Tive uma conversa muito boa e longa com o José Vaz do Ministério da Cultura, num vôo entre Brasília e Fortaleza, e ele se revelou fã da tarifa plana para o compartilhamento de arquivos digitais - porque já é consenso no Ministério que o controle é ineficaz. Cobrar uma taxa para quem acessa a internet, proporcional à velocidade de conexão do usuário, para ser distribuída entre os detentores de direito autoral é muito mais simples e barato que correr atrás de perigosos “marginais cibernéticos”. No entanto, esse modelo ainda não foi aplicado em nenhum país do mundo. Não há uma fórmula pronta de arrecadação e distribuição dessa taxa. Precisamos inventar a melhor solução para o Brasil. Essa conversa inicial é importantíssima, mas temos que nos lembrar, também, que quem faz as leis não é o executivo. O Ministério pode propor o que quiser, mas tem que ser aprovado pelo congresso. E para que esse aprove um projeto tão inovador tem que ser muito bem informado a respeito. Até o momento, apenas um lado, o lobby das gravadoras, vem fazendo pressão no congresso. Não sei qual a autonomia das majors no Brasil em relação à política beligerante da matriz, mas é hora delas assumirem uma postura mais aberta nesses debates. Para o bem delas mesmas. Temos que dar voz a todos os atores dessa história para que a solução seja a melhor possível. E temos que conversar muito, sem achar que o outro lado, qualquer que seja o seu, é o dos bad guys.
2) Não devemos processar os fãs, mas não podemos legalizar o download gratuito.
Muitos “conservadores moderados” são contra o download não autorizado, mas não querem processar usuários. Concordam que essa atitude é antipática e inútil. Chegam a recriminar a RIAA. Ora, sem processo não há punição. E sem punição no horizonte, na prática, não há crime. Sem uma pena, o que impedirá o usuário de baixar uma canção? Nada. E não sejamos ingênuos a ponto de achar que uma campanha de conscientização poderia alterar significativamente as práticas sociais. Não conseguimos nem "arranhar" a atividade dos piratas de CDs, roupas, brinquedos etc. com as campanhas na TV. Então, se concordamos que processar nossos fãs não é o caminho, temos que abrir mão das nossas tentativas de controle e começar a imaginar alternativas para sermos remunerados. O download para fins não comerciais tem que ser legalizado. O meio do caminho não vai resolver nosso problema.
Isso é muito diferente da teoria de que “tem que ser tudo gratuito” e que “o artista só vai ganhar nos shows”. Ouvi de um teórico marxista que toda produção é social porque o autor recebeu da sociedade as armas e a bagagem para poder criar e que, por isso, sua obra deveria ser gratuita.
Temos que inventar um novo negócio. Para isso temos que tentar encontrar um caminho que ambos os “lados” possam percorrer juntos, sem radicalismos. Não é hora de buscarmos o confronto, mas os pontos em comum.
Continua em breve. Mas antes queria muito ouvir as opiniões de todos a respeito dessa questão.
31 de ago. de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Passamos por uma gigantesca mudança cultural. E como toda grande mudança há uma grande dificuldade no processo de habituação.
ResponderExcluirSeu texto disse tudo, não podemos radicalizar em nenhum dos lados.
Mas o que eu vejo é o crescimento de artistas/ bandas que, com um trabalho mais livre, vem conquistando numerosos fãs que mesmo com as músicas disponibilizadas gratuitamente comprar o cd em shows, lojas alterniativas e internet. Vide o Teatro mágico, Móveis Coloniais de Acajú. Vejo que há o aumento da cultura de "eu baixo, se eu gosto eu compro". Desde que os preços ajudem isso.
P.s. Você conhece aquela mídia que um dos integrantes da dupla Cristian e Ralf inventou? Que faz a prensagem ser mais em conta barateando muito o preco final?
É uma questão bem complexa, para a qual nenhum país achou saida satisfatória até o momento. Essa ideia de tarifa plana me parece bastante justa, mas acho que as grandes gravadoras dificilmente aceitariam.
ResponderExcluirJoão Sérgio, acho que elas podem aceitar se for garantida uma remuneração razoável, por conta de um número muito grande de usuários. O que não dá é para ficar paralisado em posições rígidas.
ResponderExcluirBrandon!, nunca entendi a vantagem do SMD. Se eu quiser vender o Cd normal por cinco reais eu posso.
ResponderExcluirLeoni, acabamos de gravar nosso "CD" e nas pesquisas de preço que fizemos para cópias, o SMD tem um preço que varia entre 30 a 50% menor do que as empresas que só trabalham com CD. Iremos fazer colocar as músicas no site pra donwload e disponibilizar o CD pra venda como sugeriu o Brandon.
ResponderExcluirpois é... nós da banda K2 também estamos lançando e relançando o material em SMD. vende bastante nos shows, pela internet e correio. não é uma solução mas é uma alternativa que consegue expandir a produção já que com o dinheiro dos cds a gente prensa mais um tanto... e pro público nosso, R$5 é um preço bem honesto. quando a gente tinha que vender por um preço mais alto, pra compensar a prensagem, vendia muito pouco. www.bandak2.com.br | twitter: @bandak2
ResponderExcluirPenso que isso pode ser controlado a partir de um acordo feito com os principais sites de download e as gravadoras, onde elas disponibilizariam as músicas e a cada número X de músicas baixadas de tal artista, pagaria-se um certo tipo de "tarifa".
ResponderExcluirPorém, de acordo com a impossibilidade de controle de downloads, por conta dos inúmeros sites, acho que é possível criar alguma coisa, um programa, sei lá, que deixasse inativos os sites que não tiverem feito esse tal acordo.
Sempre fui contra a pirataria de qualquer tipo. Gosto de comprar CD's e DVD's e tê-los em casa originaizinhos. Mas confesso que de alguns anos pra cá ficou difícil resistir aos programinhas simples que nos dão tanta diversidade artística ao custo de um duplo clique do mouse.
ResponderExcluirNunca comprei CD nem DVD pirata, isso sim, me recuso a fazer. Concordo que deve haver um consenso entre as partes.
Não gostaria de ser colocada no mesmo patamar do cara que está lá na rua nesse momento, com os CD's em pacotes plásticos distribuídos cuidadosamente sobre o pano na calçada, pronto pra ser recolhido rapidamente assim que a polícia se aproximar.
Oi Leoni,
ResponderExcluirAchei o seu texto bastante pertinente. Gostei muito! Mas ainda acho que encontrar o caminho do meio é a solução, ele ainda será trilhado, com alguns tropeços no percurso.
Muitas propostas são colocadas. Muitos acordos já foram fechados, mas acho que o maior desafio de todos é a distribuição dos direitos, seja por pagamento de uma mensalidade em um site, seja por celular, seja até por uma tarifa plana. A distribuição correta dos valores e a identificação das obras, autores e artistas é o grande desafio. Mas isto, é o desafio pra quem é do mercado.
Para os milhões de usuários o importante é o acesso à música, e se for de graça melhor (vide o novo livro do Chris Anderson, “Free”). O “pano de fundo”, ou seja, sites, integradoras, portais e os detentores do direito (gravadoras, editoras, autores, artistas) é que tem que entrar em acordo. O Governo apenas supevisionaria, o fã teria sua musica "de graça" e todos sairiam ganhando. Bom, é bom sonhar...
Nao li a materia/ postagem completa. Mas uma coisa eu sei a nao se deve impor limites na musica.
ResponderExcluirInfelizmente hoje em dia a musica e tratada como forma de se lucrar e lucrar e muito (nao que isso nao seja um dos propositos do cantor (ganhar dinheiro, afinal ele tem que ter uma forma de conseguir dinheiro para sobreviver). )
Mas penso que a musica aceima de qualquer coisa, ela e feita para protestar algo que quem a escreve esta insatisfeito ou para demostrar algum sentimento.
Muitas das pessoas que se preocupam com isso (questao da proibicao do download de musica). Sao gravadoras, que ao inves de se preocupar com a BOA MUSICA se preocupam em lucrar, e dar MIXARIA ao Cantor.
Antes as gravadoras se preocupavam, com a PIRATARIA de CDs/DVDs nao que nao se preocupem ainda mas, elas agora cismaram com o download. Creio eu que daqui uns dias vao cismar com os COMPOSITORES, pois nao fazem ~ALGO QUE VENDA~ (NO MODO DE VER DAS GRAVADORAS). Mas nos, pelo menos eu, nao quero saber de algo que venda e sim algo que eu possa viver, a musica traz essa sensacao).
Usarei de exemplo a TRUPE do TEATRO MAGICO. Nunca assinaram contrato com nenhuma gravadora, e nem por isso deixaram de compor cancoes maravilhosas.
Pelo que vi o Fernando no inicio de sua carreira com a musica, ele queria e QUER, mostrar para as pessoas o seu valor, as coisas mais simples que muitas das vezes nao damos valor, e que essas coisas simples e que nos fazem felizes. Que possamos viver cada segundo de nossa vida, com a emocao de uma crianca. Lembrar dos momentos, mas sabendo que momentos ruins existem, mas esses momentos nao devem nos desanimar.
Vi num site, uma entrevista que o Fernado concedeu a um jornal ( se nao me engano) que ele dizia que ja recebeu propostas de gravadoras sim, mas, a trupe se preocupou com a musica.
Achei perfeita a declaracao que o Fernando disse nessa mesma entrevista, que dizia assim, - Eles te oferecem uma ferrari, mas, voce so tem uma bicicleta, e, como eu acredito em ET`s faco minha bicicleta voar. SENSACIONAL ISSO !
Deveria se preocupar com a musica. O sucesso e passageiro, a musica nao.
Abracos a todos Jussana Gomes.
Nao sei se o que escrevi foi muito claro, mas ~sim sou a favor do download de musicas gratuito na internet ~ tem que se disseminar a BOA musica.
EX.~ Onde que eu imaginei na minha vida, poder ouvir Tom Jobim, Elis Regina, Vinicius de Moraes, Noel Rosa e outros cantores que infelizmente hoje nao estao vivos mais, mas, foram eternizados por suas composicoes. Se nao fosse a internet, talvez nunca ouviria suas cancoes.
PECO DESCULPA PELA FALTA DE ACENTUACAO NAS PALAVRAS, MEU TECLADO TA COM PROBLEMA. afe*
O maior problema nisso tudo na minha visão é um só: A indústria fonográfica durante décadas monopolizou e manipulou os artistas e suas músicas, criando assim um império e enriquecendo poucos. Com o advento da mídia dígital, essa realidade veio abaixo e os castelos construídos por eles commeçaram a ruir. Demoraram muito a perceber a necessidade da mudança e adequação.
ResponderExcluirMas também seria utópico dizer que a pirataria vai acabar da noite pro dia quando uma solução viável bilateralmente for implantada.
É assunto pra muitos debates, e é muito interessante ver a visão das pessoas sobre um assunto complexo como este.
Parabéns Leoni pela iniciativa em abrir este espaço para a exposição de idéias.
Optei pelo SMD , em lugar do CD, o custo da prenssagem sai muito mais em conta, daí posso fazer muito mais cópias pra divulgação.
ResponderExcluirConcordo plenamente quando diz que não dá mais para fingir que o mundo é o mesmo do milênio passado. Longe de ter uma posição radical, prefiro uma realista. E sinceramente, não acredito que haja a menor chance de banir do planeta o download ou a troca de material digital pela internet, seja música, vídeo, e-book, software ou qualquer outro conteúdo.
ResponderExcluirUma simples razão me leva a evidenciar isso: a própria internet e as novas tecnologias de armazenamento e compressão de dados nasceram com a ideologia do compartilhamento livre, da queda de barreiras físicas, da internacionalidade de conteúdos, da portabilidade, etc. Agora, como privar de uma vez por todas as pessoas de algo que faz parte de uma cultura planetária?
Há muitos interesses em jogo. E a guerra velada a qual você faz referência, vem de anos atrás. Ou será que a Sony não causou tanto rebuliço no mercado com o Walkman, quanto a Apple quando lançou o Ipod? O que falar dos pendrives e HDs portáteis de grande capacidade?
Mais recentemente, os cartões de memória e câmeras com muitos MegaPixels dos celulares, são um bom exemplo de como a tecnologia vem sendo planejada para tornar os antigos usuários e fãs e em coproprietários das obras, sobretudo as digitais. Tudo isso criou o comportamento que vemos hoje nas pessoas, na sua maioria, afirmando que já baixaram material de forma “indevida” para uso pessoal.
Acho que a primeira etapa disso tudo é a vontade das partes interessadas em "selar a paz". Não sei a que pé anda esses encontros e debates sobre o assunto, mas vejo uma postura omissa da gravadoras em relação a tudo isso, o que é um enorme atraso. Creio que estamos numa transição (que já dura mais de uma década) já vivida inúmeras vezes (partitura-gravação-duplicação-rádio-tv-internet-download-streaming...)e o consenso vai acontecer quando artistas (criadores), gravadoras (distribuidores/divulgadores) e governo (lei) usarem a inteligência e bom-senso pra criarem o sistem ideal.
ResponderExcluirInfelizmente, nesta guerra pleiteada pelas grandes gravadoras sabe-se que defendem apenas seus interesses e não os interesses dos artistas. Escondem-se sob a bandeira da anti-pirataria, mas no fundo sabemos que o artista é quem menos ganha percentualmente com a venda de Cds, por exemplo. Como publicitário (e influenciador de pessoas), formei a opinião convicta de que o Capitalismo é o grande responsável por quem somos hoje: Criaturas Consumistas. E confesso, a coisa está totalmente fora de controle. Basta ver quantos novos equipamentos são lançados no mercado um após o outro, sempre com uma tecnologia melhor, poucos dias depois de um último “super lançamento”.
ResponderExcluirNeste mundo digital que cresce sem parar, sempre vai existir o mecanismo que eu timidamente batizei como “Onecopy”. Em outras palavras, basta uma pessoa fazer uma cópia de qualquer coisa e disponibilizar na rede. Já era. Nunca mais você precisará comprar o original. Mesmo que as empresas optem por disponibilizar o material de forma paga via download, basta fazer isso uma vez. O restante, já sabemos que ganha o mundo em poucos minutos. Da mesma maneira, sempre existirão aquelas pessoas capazes de desenvolver idéias e mecanismos que burlem a segurança de um site pago para download, de hospedagem de material copiado, etc.
Quando a acessibilidade à internet estiver plena nos lares da maioria do planeta, por meio da transmissão de dados via rede de energia elétrica e computadores cada vez mais baratos, aí sim, a coisa vai se tornar definitiva.
De outro lado, nada desse Marxismo radical do “AllForFree”. O artista precisa ser respeitado como um criador. Se a criação fosse de fato, uma “propriedade social”, então pela lógica que acabou detonando as bases marxistas, qualquer um seria um Jobim, um Sinatra, um Renoir, um Da Vinci, um Shakespeare. E não é assim que funciona. Porque se assim fosse, pra começo de conversa, não existiriam estúdios, selos e gravadoras, e nenhum interesse comercial envolvido. Apenas L´art pour L´art. Muito romântico, muito bonito, mas não paga as contas de ninguém.
Visão muito realista e pertinente - infelizmente a maioria está nos extremos mesmo.
ResponderExcluirDeixo aqui uma matéria que fiz sobre a reforma da Lei dos Direitos Autorais. Vale a pena fazer parte da discussão. http://www.conjur.com.br/2009-ago-25/advogados-alimentam-debate-reforma-lei-direitos-autorais
Oi Leoni e demais participantes,
ResponderExcluirNunca quis me pronunciar muito porque mInha postura em relaçao a todo esse assunto é um tanto polêmica, e espero que me perdoem se eu soar um tanto arrogante: não acho que ha nada a ser feito.
Acredito que a musica na era digital é livre queira-se ou nao. A tecnologia nao volta atrás, e não há como falar sobre remunerar os downloads sem ser utópico. Sites que oferecem downloads pagos sao pequenos nichos, de pequeno alcance, com exceçao talvez da venda pelo itunes que se sustenta por ser uma marca fortissima, e nao pelo conteudo que oferece.
Todo mundo cita o caso do Radiohead, mas poucos levam em conta que eles podem vender qualquer coisa: eles ja sao o Radiohead.... a marca ja esta la. Ha um problema de demanda, alias problema nao, ha uma evoluçao natural das coisas. A musica gravada perdeu seu valor, e o quanto mais rapido pudermos viver com isso melhor.
Por outro lado, ha uma guerra sim, mas cibernetica... em que os soldados sao hackers. Tente baixar o cd novo do artic monkeys por exemplo: nao é impossivel, mas vc vai levar horas...ou dias... a quantidade de links falsos implantados, ou torrents com o conteudo deletado é monstruosa. Pra mim, é assim que as gravadoras, e o copyright lutam contra a pirataria.... silenciosamente, por debaixo dos panos, fazendo uso da mesma tecnologia que abominam em publico. Num primeiro olhar, esse contra-ataque tem sido mais eficiente do que qualquer forma de se regular a internet. Mas a rede é viva demais, mutável demais para que isso funcione totalmente. Como anticorpos contra a gripe, nunca atingirão em cheio o alvo, pois o alvo está em constante mutaçao.
Um outro ponto, pra que focar tanto no download, se o futuro (ou ja sera presente?) da rede está no armazenamento em nuvens.... no conteudo online? Pra que baixar uma musica se vc pode ouvir praticamente qq uma no youtube apenas digitando seu nome??
Enfim, minha pequena opiniao nesse gigantesco mar de incertezas é simples: vamos relaxar e surfar nas grandes mudanças do nosso tempo... Viva Kurzweil!! (nao o teclado, mas o Raymond). Ele me abriu a percepçao para as gigantescas transformaçoes que estamos todos vivendo em velocidade exponencial.
E se algum leitor desse texto nao sabe de quem é Kurzweil, va no google, veja no Wikipedia... é de graça, aproveite!
Oi Daniel. Pois então, estou com o "The Singularity is near" do Kurtzweil a caminho, via Amazon. Acho, entretanto, que a gente deve lê-lo muito criticamente, pois o futuro por ele pintado pode ser medonho também. Li outros autores sobre o tema "pós-humanidade" com visões diferentes das do Ray.
ResponderExcluirMas, voltando ao presente, o que você escreveu é um bom diagnóstico da situação. Só que é apenas o início. Discordo quando você diz que "não há nada a ser feito."
Sim, o arquivo musical perdeu seu valor. Que os criadores então procurem outras formas de remuneração que não as baseadas nesse arquivo. Está se dando bem quem reconheceu isso.
Se o Radiohead é uma marca forte, que o artista então trabalhe para fortalecer a sua. Não é fácil, pois não há mais o capital das gravadoras, mas é possível.
É necessário usar a lógica de compartilhamento da internet para trabalhar a seu favor e tornar seu trabalho conhecido e atingir o fã potencial, worldwide.
É possível, a partir de uma massa crítica de reconhecimento, vender o que não cabe num download: além dos shows, a proximidade com o fã, a participação no processo criativo e itens físicos bacanas e únicos, que podem até conter a música. Para uma parcela dos fãs, isso vale, e muito.
Serviços como o Spotify podem vir a dar certo porque oferecem mais do que simplesmente o streaming: disponibilizando um arquivo musical imenso, permite que se faça playlists à vontade e outras funcionalidades bacanas, onde houver conexão à internet. Aqui não se vende apenas a música, mas a experiência. E com a vantagem de poder remunerar os artistas.
Mas ainda estamos mesmo num mar de incertezas. Novos modelos ainda não apareceram claros o suficiente para substituir os moribundos. E é estranho que o "poder" esteja nas mãos de quem não produz conteúdo algum, mas que apenas os torna disponível: os googles e youtubes e os ipods da vida. Acho apenas que é muito cedo para jogar a toalha. Grande abraço.
Leoni, primeiramente ótimo texto. A abordagem pacífica é assaz necessária nos tempos atuais..
ResponderExcluirEu disse no FISL 10 esse ano, e continuo afirmando que essa perseguição de agentes como a RIAA e o desespero e sentimento de dano que os artistas têm sentido por causa da obtenção gratuita da arte só existe e vai persistir enquanto não for enxergado/admitido que a venda da obra não pode ser o sustento do artista.
Uma vez que a obra seja publicada, ela ganha o conceito etéreo do livre acesso. Porém não se torna, obviamente, de _propriedade_ pública.
Querer retorno financeiro a cada execução caseira da música, a cada menção que um indivíduo possa fazer a outro sobre uma determinada música, ou álbum, é o mesmo que querer que cada visitante de nossas casas deixe 1 real na saída, pra inteirar na taxa da companhia de água, em retribuição aos copos de água servidos..
Bem, a idéia de embutir uma taxa nas conexões de banda larga para retornar aos defensores da "arte paga" até que soa bem. Mas qual seria a garantia de que as concessionárias de banda larga não imputariam suas próprias "taxas de serviço"? Entendem? É o mesmo efeito que encaresse as mídias vendidas nas prateleiras hoje em dia, que com impostos mil alimentam os cofres do governo.
Não me entenda mal, Leoni, por favor.. nem trate como ofensa, mas, se as concessionárias de banda larga tomassem essa postura de tarifar essa taxa-extra (o que não é nada difícil de acontecer), nós usuários-finais/consumidores, ficaríamos tão indefesos como quanto já somos, posto que teoricamente, um movimento maciço de vocês artistas contra a indústria predatória da música ajudaria e MUITO (ok, na teoria, vista pelos olhos de um "civil) sobre o preço final dos cds/dvds/ingressos mas não ocorre, dada a divergência de opinião entre vocês artistas. Portanto, diante do possível oportunismo das concessionárias de banda larga, não vejo uma mobilização maciça que nos protegesse de um novo regime predatório..
Desculpe a resposta longa.. é que eu me interesso bastante pelo assunto.. :)
Depois de digerirmos este comentário, podemos continuar.
parabéns pelo ativismo.
" Encurtar as distâncias " , sem dúvida . Questão difícil . ha que se receber , mas como fruto deste encurtamento de distancias que a " baixachão de arquivos " proporciona .
ResponderExcluirPunir é uma maneira burra de tentar controlar o incontrolável . Sempre que se pensa em tarifas planas ... sei lá me soa como imposto e recaimos na distribuição injusta e desvios e etc...
To aqui só pensando alto e dividindo meus pensamentos com vcs ..
Olá Leoni,
ResponderExcluirQue bom que escreveste esse texto. Penso que devemos exercitar mais esse debate e buscar resolver minimamente a questão, e que seja de forma franca e solidária. Gosto da forma como tu traz tuas idéias no texto. Temos que avançar nesse sentido.
Existe um clima que tornou-se quase natural, onde as pessoas tendem a defender suas idéias como se fossem as únicas corretas. E isso exclui a possibildade de pensarmos que podemos estar errados. Isso é fruto de nossa educação dogmática. Mas isso não pode ser justificativa. Defender nossos argumentos com firmeza não pode ser sinônimo de ser o portador da única visão correta.
Notei isso quando debatemos (Jaqueline, GOG, Fernando, Bruno Souza, Marcelo Branco e Eu) em Brasília no Consegi, onde estava presente o representante do ECAD do DF. Fui o primeiro a falar e quando apresentei o MPB de certa forma o representante do ECAD sentiu-se ofendido. Na minha segunda fala tive que dizer que eu não tinha como objetivo ofendê-lo, e sim colocar que o sistema vigente não é interessante para a maioria que vive da música, e sim para alguns. E que nós queremos construir outras formas e queremos ter direito para tal. Estamos falando de um sistema produtivo da música injusto que existe para quem tem o monopólio da comunicação e usa o jabá como principal ferramenta. Temos que buscar melhor as condições de quem vive da música. Esse é o nosso objetivo. E jamais deve ser destruir.
Penso que devemos ser mais radical no sentido de tentar buscar as soluções adequadas ao momento em que vivemos, sem conciliar por conciliar. E sei que é isso que Leoni também quer. Claro que iremos conciliar em algum momento, mas nós precisamos tentar avançar ao máximo.
Concordo que extremismos e rompimentos por mais justos que possam ser não nos ajudará.
PAG 1
Continua...........
Continua........... da pagina 1
ResponderExcluirPenso que devemos trabalhar um pouco na linha que Chico Mendes desenvolveu para defender a Amazonia. Ele fazia parte de um grupo que arriscavam suas vidas porque defendiam o meio ambiente para defender sua sobrevivência. Claro que não precisamos arriscar as vidas hoje. Mas ele desenvolveu a tática do empate que é interessante. Chico Mendes começou organizando pequenos grupos de 100 a 200 pessoas para impedir ou atrapalhar a derrubada da floresta.
E nós também devemos nos organizar para impedir que a industria recomponha seu modelo. Nós devemos atrapalhar essa idéia, e para existir pelo menos um empate devemos nós avançarmos um pouco. Para equilibrar um pouco o jogo. Caso contrário será somente a industria e alguns que sairão ganhando novamente. Eles querem o DRM, a criminalização do baixar música para recuperarem seus lucros. Enquanto que a maioria de quem vive na música vive na miséria e poucas pessoas podem acessar a música.
Nosso onbjetivo jamais deve ser pela via negativa de destruir as gravadoras. Devemos trabalhar pela via positiva de construir uma cadeia produtiva da música mais justa para quem cria, produz e usa música. Nossa existência não pode ser pela destruição.
Sei que Leoni não defende que o dinheiro deve ser o único incentivo. Sim, precisamos de dinheiro para viver nesse sistema, mas essa condição não deve nos limitar a pensar que ele é nosso único incentivo.
O incentivo para criar deve ser mais que dinheiro. E nisso o software livre é um bom exemplo. Quem trabalha com software livre não quer somente ganhar dinheiro. Quem desenvolve software livre quer fazer parte de uma comunidade e ser reconhecido por essa comunidade, ou seja, ao invés de apenas o chefe ser reconhecido no modelo software proprietário no software livre todos os colaboradores são reconhecidos.
Outro incentivo é através do compartilhamento qualquer membro da comunidade pode subir de nível. Ou seja, um bom programador tem a possibilidade de tornar-se um ótimo programador. Um usuário pode se tornar um desenvolvedor. Assim cada pessoa pode susperar seus limites em desenvolver o código e saber até onde pode ir, e o que é melhor: tem a ajuda coletiva. Além de querer fazer algo que tenha um propósito. Portanto, são diversas as motivações. Tem um texto bacana sobre isso: http://ensinar.wordpress.com/2008/09/25/qual-a-motivacao-do-desenvolvimento-de-software-livre/
Pag 2
continua.......
continua....... da pag 2
ResponderExcluirSobre o "tarifa plana para o compartilhamento de arquivos digitais" que também é conhecido como "gravame" ou "canon digital" entendo que não resolve o nosso problema e não é solução. A idéia de remuneração de cópia privadas pode gerar outros problemas. Por exemplo, seria cobrado uma taxa sobre todas as mídias e não somente para o uso da internet. Com essa tarifa ao comprar um cd virgem, então, estarei pagando a taxa por algo que não tem direitos autorais. Eu estaria pagando a taxa por gravar fotos de um debate do MPB por exemplo. E como controlar isso tudo, se nós podemos trocar músicas livremente?
Ai que entra o DRM (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_de_direitos_digitais), que é a trava para impedir ou limitar as cópias. Essa proposta não resolve. Na verdade pode servir para a indústria retomar o controle total do modelo defendido pelos monopólios. Mais informações: http://softwarelivre.org/portal/legislativo/forum-nacional-de-direitos-autorais-fortaleza-copia-privada-e-gravame-de-direitos-autorais?view=true
Nós não nunca defendemos e não podemos defender tudo gratuíto. Devemos defender a remuneração justa dos artistas. devemos defender a agregação de valor a música. Que possamos tornar mais complexo o criar e produzir música.
Nesse sentido devemos ampliar nossas propostas para a revisão da legislação autoral:
Defender:
1 - a criminalização jabá;
2 - a liberdade na internet;
3 - a existência de diversas formas de licenciamento;
4 - o modelo do software livre para a música;
5 - a Não existência do DRM;
6 - a permissão da cópias sem fins lucrativos;
7 - o fim do monopólio do ECAD;
8 - a permissão de livre reprodução e utilização das obras culturais produzidas integralmente com financiamento público resguardando-se o direito moral do autor.
Enfim, aqui acima tem nossas propostas e da carta de SP. Devemos assumir a carta de SP como nossa. Eu já assmi. Mas penso que o MPB deve assumir. Eis aqui a proposta.
Bom, continuo depois....
Vamos debater mais... Em frente...
PAG 3
Finalmente Fim... Vixi...
Oi Marcelo,
ResponderExcluirÉ verdade, o que falei é apenas o início. Nao sou um especialista no assunto, mas talvez ninguém seja. O Kurtzweil é um tanto sinistro mesmo, e bastate lunático também, vide sua corrida pessoal pela imortalidade(que acho uma maluquice danada). Mas concordo com ele quando penso que ja estamos catapultados para uma nova realidade, vai ser radical..ja é.
Nos preocupamos com a música, mas assombroso mesmo é o que acontecerá com o jornalismo, como alardeia o nervoso Andrew Keen. "The cult of the amateur" é mais assustador pra mim do que a singularidade de Kurtzweil.
Sou um tanto pessimista e cético de natureza, spotifys da vida nao me animam um pingo... é só mais um site, mais um nome de usuario e mais uma senha pra guardar (ufaa!). Mas nao deixo de apreciar quem nao é como eu, e se levanta pra debater como é o seu caso, do Leoni e de tanta gente...
abs!
Daniel, o Andrew Keen é mesmo uma figuraça. Já viu a entrevista dele na Globonews? Está aqui. Ao mesmo tempo insider e outsider da turma do Silício, ele se autodenomina um "pessimista-otimista"(?!). Acho que ele diz verdades inconvenientes.
ResponderExcluirAdoro esse papo de Kurtzweil, singularidade, pós-humanidade etc. Gostaria de ficar horas conversando sobre isso.
O fato é que realmente estamos em meio a um processo de aceleração exponencial tecnocientífica e nosso assunto em questão tem tudo a ver com isso. Fomos ou não fomos levados de roldão e pegos todos de caças curtas? Em relação aos avanços feéricos que estamos vivendo e que ainda viveremos, somos neo-primitivos, ianomâmis da nossa própria cultura.
Mas essa indefinição e espanto é que tornam nossa época interessante - ao menos é isso que sinto nos momentos de mais otimismo. Mil perigos e mil portas para abrir e experimentar. Quais delas nos levarão à saída?
Daniel, em relação ao Spotify ser "só mais um site", ainda não sabemos. Sua capacidade de alterar a forma de ouvirmos música ficará mais clara com seu lançamento no mercado americano.
ResponderExcluirMas é bom lembrar o que "simples" sites podem fazer. O Napster praticamente inaugurou a era do mp3, por sua engenhosidade. E o Google descortinou a web que hoje chamamos de 2.0.
Leoni, a questão do download gratuito é uma conquista social. O problema é muito mais embaixo e olhar pra qualquer 'obra', artística, intelecutal, hoje em dia, tem que ser uma perspectiva mais social e menos capital, sobretudo em países emergentes e pobres.
ResponderExcluirInfelizmente, nas revoluções, alguém sai perdendo.
Neste caso, a discussão passa por como devemos encarar os direitos sobre a obra. Vetar o download gratuito é fechar uma janela que foi aberta a favor da democratização dos conhecimentos. Nós tupiniquins, temos que lutar pra que essa janela não se feche jamais.
Texto bacana da Le Monde diplomatique
ResponderExcluirhttp://diplobr.rezo.net/2009-05,a2845
A maior comunidade de downloads do orkut( discografias) está de volta, só que parece que a APCM deletou a segunda maior, que estava na ativa desde quando a original ficou desativada, o que vocês acham disso? O google está colaborando também pra essa guerra só crescer?
ResponderExcluirMuita gente escreveu por aqui. Vou estar fora do ar uns dias e prometo, na volta, responder a todos. Além de continuar o meu texto.
ResponderExcluirQue bom ver alguém com o teu currículo, Leoni, defendendo o diálogo e vou aproveitar este espaço para apresentar algumas opiniões.
ResponderExcluirNão concordo com o ataque às gravadoras ou ao seu modelo de negócio. Nem tão pouco pactuo com a pirataria, seja ela física ou virtual. O que defendo é a criação de uma alternativa, onde os artistas possam apresentar seu trabalho e que, no final, isto possa trazer dinheiro para ele. Sim, dinheiro é importante, todos nós queremos ter condições de fazer e ter coisas que gostamos e, para isso, o dinheiro é necessário.
Os que quiserem continuar no modelo atual, que continuem, pois acho que temos que respeitar as opções de cada um. Quem quiser continuar adquirindo suas músicas através da pirataria, que continue, afinal, duvido que se possa frear isso... Enquanto houver artistas vendendo seu trabalho no modelo tradicional, haverá consumidores dando um jeitinho de ter seu consumo barateado;
O que devemos nos preocupar é em desenvolver um modelo que permita aos artistas terem seu trabalho divulgado de maneira justa e que também permita o seu sustento (seja lá o que isso signifique para cada um...), mas que ao mesmo tempo seja justo para quem quer ter acesso à cultura.
O MPB surgiu com essa proposta principal e acho que dela não deve se distanciar. Há muita discussão p ela frente mas, principalmente, há muito trabalho. Desculpe Leoni, mas não acredito ser possível um "acordo" entre as partes. Infelizmente, nosso mundo capitalista só entende uma linguagem:a do mercado (e isso vale tanto para as gravadoras quanto para os usuários), por isso acredito que a melhor solução seja o surgimento de uma alternativa e que, por seus próprios méritos, ela se sobressaia.
Ao mesmo tempo que acho absurdo o modelo atual que as gravadoras trabalham, também acho absurdo alguém dizer que a produção cultural deve ser socializada. A criação de uma música, para mim, está nivelada a qualquer outra atividade humana e, como tal, cada um deve ter a liberdade de fazer com o produto do seu trabalho o que quiser. Alguém anda por aí, dizendo que as criações dos estilistas devem ser socializadas? Eu devo ter o poder de fazer o que quiser com o resultado do meu trabalho (seja ele físico ou intelectual).
Quanto ao SMD, também fiz algumas pesquisas e, para as quantidades em que a maioria dos artistas trabalham hoje, acho que é a melhor alternativa.
Espero que continues contribuindo para a "causa" e que possamos, todos juntos, encontrar este caminho antes que seja tarde.
Tarifa Plana me dá medo. Sabe aquele lance da gasolina? Ela "aumenta", beleza. Ela "baixa", ninguém fica sabendo, ou, SE ficam sabendo, não se tem o desconto da "baixa" refletindo no seu bolso.
ResponderExcluirCom essa coisa de Tarifa Plana, pode rolar um aumento abusivo por parte dos provedores de internet, usando essa "desculpa".
O assunto é polêmico, complicado, mas acho que o caminho está sendo aberto, e por aqui.
E o caminho é esse!!! De discursos ponderados em busca do bem de todos, e não aquela coleção de sandices que li no Blog do Globo, e que me fez desistir de ler o resto.
P.S.: Destaco os comentário de Beto Bellini e Daniel Lopes. Parabéns!!!!
Sou absolutamente contra a pirataria, mas é fato que foi graças a ela que artistas da cena independente conseguiram chegar aonde chegaram. Graças à pirataria as grandes gravadoras quebraram e o monopólio da música acabou, pelo menos no Brasil. Não dá pra fechar os olhos pra isso. Nada é de todo bom nem de todo ruim.
ResponderExcluirQuanto à pirataria cibernética que fique claro que os artistas mal ganhavam em cima da vendagem dos discos em relação ao custo que chega ao consumidor. O retorno maior era em relação aos shows.
Tarifa Plana é só mais uma coisa pra algum órgão receber e não repassar para os artistas, assim como o ECAD faz e os próprios artistas não tomam providência nenhuma. Aliás, se em anos não se preocuparam em resolver a questão de repasse do ECAD, não seria agora que se organizariam para receber um repasse de tarifa plana.
Não querem que os arquivos sejam ciberneticamente pirateados mas também não abrem mão do valor absurdo que cobram pelos CDs. É aquele tipo de coisa: Reclamar é ótimo, querer e se entregar pela causa para resolver o problema ninguém quer. Aliás, as melhores produções musicais no Brasil (e menos conhecidas)tem resolvido bem esse problema. Vide Hamilton de Holanda, indicado para dois Grammy que vende seu CD a R$5,00. A melhor música por um preço que todo mundo pode pagar. Como dizia meu avô: Quem quer faz, quem não quer manda.
Eu não vejo nenhum dos problemas que vocês apontam emm relaçnao à Tarifa Plana. O mais difícil é conseguir um consenso. Depois, os provedores têm que repassar o valor integral, que não é estipulado por eles.
ResponderExcluirA comparação com o ECAD também não é muito feliz, porque o problema dele não está na distribuição, mas na arrecadação. Receber de rádios, TVs, casa de show etc. é que é complicado. A distribuição vai bem. Melhorou muito do fim dos nos 80 para cá.
Vou tentar organizar os comentários por assunto e abrir discussões específicas.
A minha opinião é simples e objetiva, radicalismo de ambas as partes não resolve o problema, eu faço uma comparação bem simples, um boi ta cheio de carapatos, em vez de acabar com os carrapatos quem morre é o boi. O que falta é vontade das partes de achar uma saida para o problema. O próprio artista terá que produzir seu cd para poder sobreviver.
ResponderExcluir