31 de mai. de 2009

Dani Gurgel é a primeira brasileira no Artist Share

Think Tank 4 - Parte 2: "ArtistShare é o novo modelo? O marketing do Radiohead só vale pro Radiohead?" from yb music on Vimeo.



Eu estava acompanhando o Think Tank da YBMusic pelo Twitter quando apareceu um post sobre uma brasileira que estava gravando seu disco pela Artist Share. Como eu sou fã do modelo de negócio deles – acho que é algo viável e muito benéfico para os artistas brasileiros – resolvi entrar em contato com ela para saber exatamente como é que funciona. Achei-a pelo Twitter e acabei entrevistando-a por e-mail. Por conta da agenda corrida da Dani Gurgel, muitas dúvidas ainda não foram esclarecidas para mim. Adoraria perguntar bem mais, mas não posso pedir mais dela no momento.

Lá vai a entrevista:

1) Primeiro acho importante conhecer o que você já fez até aqui, composições, gravações, shows, parceria etc.

Como instrumentista, fui saxofonista por muito tempo, participando de big bands com o Zimbo Trio e regida pelo Roberto Sion.

Como cantora, fiz uma temporada de shows em 2007 que calcou tudo que faço até hoje: "Dani Gurgel e Novos Compositores".

Nessa temporada, convidava compositores que tivessem no máximo um único disco gravado pra participar do show. Meus dois últimos discos tiveram músicas desses compositores e minhas, apenas; assim como esse disco novo no qual eles participam cantando ou tocando seu instrumento

2) O modelo de negócio do Artist Share, no qual o fã financia o artista, sempre me pareceu uma excelente opção para qualquer artista que já tenha um público ou que tenha uma presença forte na rede. Não há necessidade de intermediários entre artista e público nesses tempos digitais.
No seu caso, o que é que você já fazia para se conectar com seus fãs na internet?

Sempre fiz questão de ser muito presente mandando e-mails, novidades, etc. Às vezes nem precisa ser sobre um show, e sim sobre vídeos novos no YouTube, etc. Já passei por diversos sistemas. Usava programas de mailing, mandava na mão, e um dia resolvi usar o ReverbNation, onde eu piloto minha lista de quem ainda não comprou o AGORA até hoje.

3) Como você foi contatada? Você se ofereceu ou foram eles que te procuraram?

Eles tinham meu disco, e me procuraram pra gravar esse meu novo disco nesse formato.

4) Pelo que eu li no site, existem três tipos de artistas que têm diferentes serviços e possibilidades dependendo do numero de fãs: Performer, menos de 1000 cadastrados, Session Producer, entre 1000 e 5000 e Professional, mais de 5000. Você está gravando um álbum, o que só é permitido ao nível mais alto. Há quanto tempo você está “pescando”esse público? Quantos cadastrados você tem?

Já entrei no ArtistShare com mais de 5000 pessoas na minha lista, o que ajudou no convite pra lançar esse disco como Professional.
Hoje concilio duas listas de e-mails. A minha antiga, e a de quem já comprou o disco.

5) Como foi que você chegou nesse patamar? Quais são os serviços e funcionalidades que o Artistshare dá ao artista para que ele possa cadastrar os fãs e ter direito de realizar projetos?

Não posso falar muito, pois eu construí minha base antes de entrar no ArtistShare.
Mas estamos sempre preocupados em fazer com que as pessoas se inscrevam na lista, é um dos nossos objetivos nesse projeto.

6) Você paga alguma coisa pelos serviços deles além de uma percentagem das vendas e pré-vendas? Quanto? Qual a percentagem deles?

Eles me oferecem os serviços deles a preços especiais pra artistas. Aí depende de que serviços você usa, como Publicidade, RadioShare, etc.
Todos os valores dependem do seu projeto.

7) Quais diferenças foram mais marcantes para você entre o modelo de negócio do Artistshare e o dos outros selos?

Nunca trabalhei com outros selos. Mas só entrei no ArtistShare porque é direcionado a artistas que cuidam da própria carreira.
A vantagem de ser artista independente (como continuo sendo), é tomar suas próprias decisões.

8) Eu tenho acompanhado suas gravações pelo Twitter e vi que a coisa está de vento em popa, com muitos músicos, muitos arranjos sofisticados. Você está conseguindo se financiar através dos fãs ou está se bancando?

Temos patrocínio da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, com o ProAC. Essa verba será complementada com o que o público já comprou, e dificilmente a soma liquidará o disco todo.

9) Existe o risco de um disco não sair se não conseguir se financiar com os fãs? Ou alguém assume o risco? O Artist Share garante alguma coisa?

Sempre existe esse risco, e eu assumo essa responsabilidade junto a eles. Quem garante sou eu para o ArtistShare, em contrato com penalidades, para que eles garantam que terá disco para quem compra.

10) Para cada projeto há pacotes diferentes? Quem criou as categorias de financiamento e como foram calculados os valores do seu projeto? Quais são os pacotes para financiar o seu trabalho?

Foram criadas por mim em cima de uma sugestão deles para o meu projeto.
Temos muitas categorias, algumas das mais interessantes são o Participante Bootleg, no qual você acompanha virtualmente todos os nossos shows de 2009, o Participante Bronze, que tem o nome na capa do disco, e o MP3 simples, que é a opção mais barata e que, como todas as outras, dá um ingresso pro show de lançamento no Auditório Ibirapuera, dia 12 de Setembro.

12) Você está satisfeita com o site?

Sim

13) Você acha que um modelo assim é viável no Brasil?

Sim, para artistas que não esperem um conto de fadas, e que não contem apenas com essa verba pra começar o disco.

14) Você tem idéia de quantas pessoas já pré-compraram o Agora e em quais formatos?

Já temos três participantes Bronze, acho que essa é a informação mais bacana, né?

15) Uma última pergunta, se não te incomodar: quem é o responsável pelas filmagens e pela formatação para a internet, você ou o Artist Share?

Quem faz tudo sou eu. Gravo os vídeos, edito, legendo e coloco, seguindo um cronograma que estabelecemos juntos.

11 comentários:

  1. Só para não parecer que é um site só pensando nisso, li ontem sobre o Kickstarter - http://www.kickstarter.com/ - que é muito semelhante só que o projeto só começa se alcançar um valor mínimo. Toda a grana é controlada pela Amazon e só admite moradores dos USA. Tudo é feito por convite.

    Para mim, é o modelo do futuro.

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  2. Eu ainda sonha construir uma base de fãs assim, esse modelo de negócio é muito bacana!!

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  3. Quando um modelo de negócio tão bacana não desperta a menor curiosidade na maior parte dos músicos que passam por aqui eu chego a ficar assustado.

    Só reclamar do passado que acabou não leva ninguém a lugar nenhum.

    Estou achando estranho.

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  4. Leoni, a forma que você trabalha no teu site dando músicas, promoções, etc.. já é um sinalizador desse modelo de negócio, será que é possível criar um "artist share Brasileiro", ou trabalharmos de forma independente seguindo o mesmo modelo de negócio?

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  5. Eu tenho a maior vontade de criar um selo inspirado no Artist Share. Os problemas são: dinheiro - um site com todas essas funcionalidades e ferramentas para os artistas não sai barato - e a estruturação do negócio - cobranças, valores de serviços etc.
    O Marcelo e eu temos toda a idéia amarrada na cabeça mas nos falta um parceiro de business.

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  6. Pois é, eu acho que essa estruturação do negócio seja talvez a parte mais complicada, mas você tem tudo pra ser um pioneiro aqui no Brasil, principalmente porque você já tem uma base de fãs muito boa.

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  7. A questão é: será que o internauta brasileiro está ou vai se acostumar em pagar pra baixar música?

    São tantas as ferramentas que oferecem música de graça (legalmente ou não) que eu me pergunto se um dia isso vai render "algum" pra nós, músicos, autores, ou se o caminho é usar a música grátis pra atrair o fã...não sei..discutamos...hehe

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  8. O ArtistShare é uma bela iniciativa. Vi a Dani Gurgel falando sobre aqui http://ybmusica.blogspot.com/search/label/thinktank e logo fui "atrás dela". A idéia é sensacional, mas como disse o Áureo, uma "base de fãs" é o primordial pra esse projeto andar,além, é lógico, de uma forma segura do fã "depositar" a grana pro artista online.

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  9. Oi, Bleffe. Eu ia responder seu primeiro post quando vi o segundo.

    No Artist Share você adquire o produto - seja os áudios, o CD, ou algum outro pacote - só para ter direito a participar do processo de criação e gravação do artista. O que está sendo vendido não é a música - que é gratuita na rede -, mas algum conteúdi exclusivo e o relacionamento com o artista.

    Concoro com você que ninguém no Brasil vai se acostumar a pagar para baixar música. Nem acho que baixar música tenho tanto futuro. Para mim a saída está no Spotify - ver post acima. Acesso pago a todo conteúdo te dando a música que você quiser na hora que você quiser.

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  10. Eu concordo com você, Bleffe, que as pessoas estão acostumadas a baixar músicas de graça.

    Mas, ao mesmo tempo, eu associaria os sites pagos de streaming mais às assinaturas de tv a cabo do que a sites de download de mp3. São mais próximos. É uma mudança de atitude, que pode não acontecer de uma hora para a outra. O sujeito vai valorizar menos a posse do arquivo e prezar mais o conteúdo gigante,a portabilidade e a funcionalidade do streaming. Tal como fez o iTunes, os sites de streaming devem chegar a um preço que não pese no bolso do assinante, de forma que não se importe em pagar.

    Êita, saí do assunto Artistshare para entrar no streaming... :)

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