22 de abr. de 2009

Entrevista com o autor do de O Culto do Amador



Para quem ficou com a pulga atrás da orelha por conta do livro que ataca a cultura produzida pela web 2.0.
Vai em inglês mesmo por que a vida anda corrida. Uma provocação para as idéias muito rígidas - às vezes elas tendem a calcificar.

To say that writer/blogger Andrew Keen is a contrarian might be an understatement. In his latest book, The Cult of the Amateur: How Today’s Internet is Killing Our Culture Keen plays the devil’s advocate against the cultural tidal wave known as the Web 2.0. I’ve been following Keen’s Twitter posts and his blog The Great Seduction for awhile now. He has a knack for fostering interesting discussions about the publishing industry, whether you agree with him or not.

1. What is the premise for your book, The Cult of the Amateur? My premise is that user-generated-content on the Internet (Web 2.0) has no economic or aesthetic value. Rather than rewarding talent, it feeds on the narcissism of our current cultural climate. Cult is a subversion of the original Web 2.0 subversion; it is Adorno-for-idiots. I argue that rather than amusing-ourselves-to-death, we are now expressing-ourselves-to-death.

2. You refer to yourself as “the anti-Christ of Silicon Valley” yet you’re an avid user of social media. How do you explain this seeming dichotomy? My next book is a cultural analysis of social media. You can’t understand social media without participating in it. Besides, you can’t be a good evil “anti-christ” without indulging in a few unholy dichotomies of your own.

3. A recent blog post from you proclaims “Blogs are dead.” What’s next then? How can authors best promote their work online? What’s next is real-time media like Twitter and Friendfeed which will transform blogs from static textual websites into platforms for live interaction with one’s audience. Authors need to aggressively promote themselves in this real-time environment. It’s an ideal place for writers to show off their talent. Any writer not on Twitter should have both their hands chopped off. In the 21st century, the shy and the reticent will starve.

4. What’s next up for you? Is there another book project on the horizon? Yes, a book (maybe with an audio commentary and some videos too) about the broad cultural forces that have shaped the current social media revolution. Everyone always says this is the next big industrial revolution. I think that’s true. So the challenge is to explain how and why today’s digital revolution is both different and very similar to the industrial revolution of the mid 19th century.

5. In your opinion, what do traditionally published book authors most need to know about where the publishing industry is headed? It’s generally going down the toilet. It will be just as bloody, perhaps even more so, than the music and newspaper businesses. Problem is that most people in publishing fetishize the physical book. And—like the physical newspaper or the vinyl long-playing record—the analog book will become an increasingly marginal high-end product. Writers, then, have to become broadcasters and video stars if they are to remain viable. Words will matter in the future, but so will sounds and images. Ugly, mute writers, therefore, should probably switch careers. It’s gonna be very bloody (funny and awful).

12 comentários:

  1. Advogado do diabo é uma boa definição. O blog dele é muito interessante.

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  2. Hehehe... esse cara deve ser punk! Apesar de ser um crítico ácido, muita coisa que ele fala tem fundamento. Bem interessante!

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  3. A democracia é algo muito desconfortável para a maior parte das pessoas. Quem vai dizer o que é bom? A maioria?Será que o profissional é necessariamente melhor que o amador? São muitas questões que colocam em cheque nossas convicções.
    Só para lembrar, nossos melhores poetas sempre tiveram um emprego diurno para pagar as contas.
    Muita coisa ruim está sendo produzida, mas tenho achado muito texto bom de "jornalistas" amadores.
    O que vocês acham?

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  4. Os profissionais realmente tendem a serem substituídos pelo talento sem filtros e tremendamente mais interessante de um amador. O profissional corre um risco tremendo de senpre se utilizar de sua tremenda prática para simplesmente organizae e reorganizar clichês, enquanto o amador ama tanto o que faz que muito mais instintivamente estará em busca de uma superação diária .
    Mas não foi sempre assim ?......Até que este se torne profissional e comece gradativamente a perder um pouco (ou muito) de sua criatividade em prol da produção em série. Não é assim que se dá arenovação das gerações há anos?

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  5. Primeiramente gostria de falar que fico muito feliz com essa discussão. No fim de 2007 me formei em Publicidade e o tema da minha monografia foi o Conteúdo Gerado pelo Consumidor na Públicidade. Então estudei muito sobre a Web 2.0. Em uma hora mais oportuna acho aqui meus arquivos e a gente debate algumas coisas.

    Mais não acho que os profissionais tendem a ser substiuídos. Para mim o que está acontecendo é que a linha divisória entre o profissional e o amador está ficando cada vez mais imprecisa. A produção e o compartilhamento de conteúdo, nunca foi tão grande. E isso faz com que os amadores possam se aproximar em qualidade, quantidade e talvez fama, dos profissionais.

    Tem muito blog aí de gente que conjuga verbo errado, mais que tem 100 mil acessos por dia. E tem livro dos intelectuais da academia que não foi lido nem por 10 mil. Isso não quer dizer que o cara da academia de letras perdeu sua criatividade. Assim como tem banda amadora independente que tem 100 mil views no myspace e tem artista consagrado que nem tem myspace.

    A democratização está começando na base, na produção do conteúdo. Com a Web 2.0 (seja ela boa ou ruim, existente ou não) todo mundo pode mostrar o seu conteúdo para todo mundo. Isso é o grande lance.

    Antes a gente tinha acesso ao que os meios mostravam pra gente. Agora a gente mostra pros meios. Não é o profissional que está em cheque. É a definição do que é profissional que está correndo sérios riscos de morte.

    Vai uma dica, o vídeo é meio antigo, mas pra quem ainda não viu ele explica um pouco dessa era da produção de conteúdo. (é meio otimista, mas tá valendo).

    o link é:
    http://www.youtube.com/watch?v=UI2m5knVrvg

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  6. É quase o mesmo do que acontece nas artes plásticas. O artista auto-didata que pesquisa os grandes mestres por si só, que busca o seu traço próprio, que corre atrás do reconhecimento e etc, no momento em que entra para a faculdade de artes, se perde. Nem é tanto o lance do "fazer porque gosta", mas sim pelo lado do "feeling". O dom existe? Até hoje não sei a resposta, mas eu acredito que sim observando muitos casos que existem por aí!

    É claro que há também aquela parcela dos que fazem muito mais pela grana e geralmente estes acabam como profissionais frustrados. Sempre há, não importa a área!

    Os blogs sem dúvida se transformaram numa ferramenta importantíssima. Passaram de "ferramenta teen de futilidade narcisista" do início para "meio pessoal de impressões" e mostrando o quanto ela poderia inovar, falar do dia-a-dia passando do ângulo íntimista para a visão global, sem a preocupação de atingir os interesses de x ou y. É claro que nem sempre encontramos essa qualidade, mas apenas pelo fato de encontrá-la, já é algo ótimo!!

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  7. Eu acho que a discussão proposta por O Culto do Amador é muito importante. Leoni, o Andrew Keen não é contra a democratização (que não é um valor absoluto), mas quer mostrar que nem tudo são flores e o preço pode estar saindo muito caro. O livro é escrito em tom panfletário, ou seja, carrega nas tintas para provocar uma reação maior do leitor. Não é necessário que concordemos com tudo que diz, mas o livro tem uma boa argumentação embasada por muitos dados. Afinal, o autor é um pioneiro do Vale do Silício, culto e lúcido, desiludido com o rumo que as coisas tomaram. É um bom contraponto a A Cauda Longa, do qual desmonta (ou tenta desmontar) algumas teses. Vocês leram? Recomendo a leitura dos dois. Talvez a "verdade" esteja na média entre eles. Abraços.

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  10. Minha nossa, as previsões são tremendamente lamentáveis. Falando diretamente sobre a última resposta que Andrew Keen dá ao entrevistador. Parece-me que em um futuro inteiramente dependente da internet, o amor, o humor, a afetividade, a arte que seduz e centenas de outras coisas vão literalmente desaparecer, ou vão ser reduzidas a meras sensaçõezinhas coadjuvantes.
    Afinal minha gente, estamos falando de fazer algo de bom ou construtivo por aqui?
    Há algum sentido em fazer música para se piorar a vida das pessoas ao invés de usar nossa arte para dar um upgrade nas coisas como costumava ser?
    Vai existir algo para fazer longe da web? Para o caso de um sujeito ficar cansado daquilo?
    Vai haver espaço para uma expressão artística um pouco mais profunda ou sutil?
    Porque será que todos os pensantes do mundo online acham o fato de se fetichizar um produto uma coisa tão ruim assim? Não estaríamos precisando de fetiches novamente em um universo tão concentrado na web. Devemos mesmo dar uma força para que tudo se vire para esse lado?
    Antes de nos utilizarmos de nossos métodos acadêmicos de aprofundamentos em detalhes, não deveríamos nos perguntar se esse negócio todo deveria caminhar nessa velocidade para a o lado da digitalização. E isso não seria também um mau negócio para os que investem nesse universo .? Digo, é bem possível que a humanidade se encha da vida online de tal forma que só aceite papel, tambores, violões e livros na hora de se divertir. Num futuro ainda mais distante de todas as previsões para a web2.0.

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  11. Marcelo, percebi que o livro quer ser mais polêmico do que o blog dele, por exemplo. Só quis introduzir a difícil questão do julgamento: o que é bom? quem tem o direito de ditar as regras?

    Eu mesmo nunca cheguei a um bom termo com essa questão. O julgamento do público é simplificador? Não se importar com o público não é uma atitude arrogante? Qual a medida e quem a dá?

    Acho que na cultura de nichos temos espaço para todos os tipos de artistas, mas os mais populares sempre terão um comprometimento maior com o receptor do que com a mensagem.

    Só para apimentar as conversas.

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  12. Leoni, isso é conversa pra mais de metro e não me sinto nem com a capacidade nem (infelizmente) tempo de levá-la muito adiante. Mas, estendendo um pouco, aplicar o conceito de democracia (que é político) à cultura não ajuda a discernir o que é bom ou não. Apenas indica a vontade da maioria.

    Veja um exemplo, entre tantos. O Círculo do Livro americano (não sei o nome exato) surgiu nos anos 20 do século passado com uma ideia simples: levar à classe média os tesouros da literatura. Seu criador propunha também indicar o que valia à pena em meio a uma maré de lançamentos, poupando tempo aos interessados - tempo, aliás, cada vez mais escasso atualmente. Tinha um time editorial de notáveis do ramo da literatura (escritores, acadêmicos etc) que selecionaram livros de Orwell, Arhur Miller, Hemingway e outros. A proposta era elevar o padrão dos leitores, não rebaixá-los ao senso comum, ao já conhecido. Ou seja, apostavam na democratização da alta cultura.

    A partir dos anos 60, essa fórmula começou a ser questionada (elitista, pretenciosa etc), foi entrando em decadência e nos anos 70 o Clube foi comprado pela Time. Influenciados pela equipe de Marketing, passaram a vender prioritariamente o que faria sucesso comercial: Bestsellers como Stephen King, Michael Crichton, livros de receita, romances açucarados. Ou seja, a ideia inicial foi completamente invertida. Em vez de ajudar a formar o gosto do público, o Clube foi moldado por ele.

    Acho que esse é um exemplo bem claro do valor dos filtros numa cultura de massas.

    Outro exemplo mais recente, a Wikipedia. Como vocês sabem, é um experimento editorial coletivo, sem uma autoridade central (hoje já mudou um pouco).Quem nunca a usou, que atire a primeira pedra. Eu devo consultá-la diariamente! Mas - experiência própria - a Wikipedia está longe de ser confiável. São dezenas de milhares de anônimos escrevendo sobre tudo, onde especialistas em física quântica são editados e confrontados por garotos de 17 anos em um assunto onde só teriam condições de dar palpites. O grave é que ali é uma enciclopédia, onde se presume que é uma referência confiável ao assunto que se procura.

    Apenas como contraste, a Britannica tem entre seus colaboradores cerca de 100 prêmios Nobel. Será que ela vai bem das pernas?

    Na Wikipedia também acontecem fraudes e manipulações, como a do McDonalds retirando do verbete do filme Fat Food Nation todas as referências negativas às suas lojas e ao tratamento aos empregados. Aqui, como nos Facebooks e blogs, perde-se frequentemente a noção entre conhecimento e palpite, entre fato e boato, entre verdade e fraude. Sem contar com o que é genuinamente original e o que é mera consequência, cópia barata.

    Leoni, direção rumo aos mercados de nicho é fato consumado. Se tem o lado bom de possibilitar novas "praias" existirem, há também uma questão que nem sempre nos lembramos, mas que estamos sembre esbarrando nas nossas conversas: quanto mais segmentado o mercado, menos público cada segmento terá, daí que menos investimento estará disponível e menos chance um talento terá de aparecer e se desenvolver.

    Estou sendo muito pessimista? :)

    Postscriptum: A Wikipedia está passando por uma tentativa de controle maior do que lá é publicado, enquanto a Britannica está se abrindo mais a outras formas de colaboração.

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