31 de ago. de 2009
Música Digital: a solução. Primeira parte - Fazendo as pazes
Quero tentar estabelecer uma ponte entre todos os interessados em música, das grandes gravadoras ao partido pirata. Parece ambicioso? Talvez seja, mas acho que é algo possível com um pouco de boa vontade e bom senso. Sei que, a essa altura, já devo estar parecendo estranho para os dois “times”.
Venho participando de muitos encontros diferentes e tenho percebido que o que existe é muita falta de informação. Discursos solidificados em torno de ideias nem sempre muito elaboradas.
Não dá mais para fingir que o mundo é o mesmo do milênio passado, nem que as regras antigas ainda se aplicam nesse novo mundo. Mas ainda há direitos a serem respeitados, contas a serem pagas e acervos maravilhosos nas mãos das gravadoras. A revolução digital nos faz voltar a olhar para o direito autoral e rever os caminhos que tomou, mas não para acabar com ele. O importante é fazer com que o direito do autor não seja um monopólio que impeça o acesso da humanidade a um patrimônio que pertence a todos, mas que ainda incentive os criadores a produzirem cada vez mais em prol da sociedade. E o dinheiro é um grande incentivo.
Para que as conversas possam prosseguir, e não sejam boicotadas por um lado ou por outro, é necessário que haja propostas concretas para se construir o nosso novo mundo.
Mas antes é preciso desmantelar alguns preconceitos.
Vamos aos radicalismos que eu vejo sendo cometidos em ambos ao “lados”, que impedem a troca sensata de ideias.
1) Temos que combater a "pirataria digital".
Em pesquisas nos Estados Unidos e na Inglaterra, uma grande parcela dos “conectados” afirma compartilhar arquivos na internet ou fora dela. Segundo a UK Music, 86% dos jovens ingleses entre 14 e 24 anos já copiaram um CD para um amigo; 75% enviaram musica por e-mail, Bluetooth, Skype ou MSN; 57% já copiaram a coleção de musicas completa de um amigo; 39% já baixaram música. Isso não quer dizer que muito mais gente não baixe música sem o declarar. Ainda mais com as ameaças que a RIAA e o Governo Britânico vêm fazendo. Mas as propostas de punição aos “piratas”, com multas e desconexão da internet, são caras, lentas e ineficientes. Dependem de advogados, juízes e muito dinheiro. E nunca será possível alcançar todos os “infratores”. Os juízes franceses já avisaram que o direito de acesso à internet é, hoje, um direito do ser humano, que também usa a rede para trabalhar, se comunicar, pagar contas, se informar etc. Portanto, para privar um cidadão de tal direito ele tem que ser julgado. Imaginem isso aqui no Brasil, quanto tempo levaria para que alguns usuários fossem “punidos”? Não parece uma solução muito razoável, não é?
Outro detalhe muito importante é que, para que uma pessoa tenha sua privacidade legalmente violada para fins de investigação, o crime em questão tem que ter pena prevista no Código Penal superior a um ano. Para cópia de material protegido sem permissão do autor a pena varia de três meses a um ano. Portanto, não seria um caso em que o tribunal autorizaria a quebra de privacidade, o que inviabilizaria a investigação. Sem investigação não há processo e, muito menos, condenação. O que fazer? Aumentar a pena? Aí, a mudança não é mais do direito autoral, mas do Código Penal.
Tive uma conversa muito boa e longa com o José Vaz do Ministério da Cultura, num vôo entre Brasília e Fortaleza, e ele se revelou fã da tarifa plana para o compartilhamento de arquivos digitais - porque já é consenso no Ministério que o controle é ineficaz. Cobrar uma taxa para quem acessa a internet, proporcional à velocidade de conexão do usuário, para ser distribuída entre os detentores de direito autoral é muito mais simples e barato que correr atrás de perigosos “marginais cibernéticos”. No entanto, esse modelo ainda não foi aplicado em nenhum país do mundo. Não há uma fórmula pronta de arrecadação e distribuição dessa taxa. Precisamos inventar a melhor solução para o Brasil. Essa conversa inicial é importantíssima, mas temos que nos lembrar, também, que quem faz as leis não é o executivo. O Ministério pode propor o que quiser, mas tem que ser aprovado pelo congresso. E para que esse aprove um projeto tão inovador tem que ser muito bem informado a respeito. Até o momento, apenas um lado, o lobby das gravadoras, vem fazendo pressão no congresso. Não sei qual a autonomia das majors no Brasil em relação à política beligerante da matriz, mas é hora delas assumirem uma postura mais aberta nesses debates. Para o bem delas mesmas. Temos que dar voz a todos os atores dessa história para que a solução seja a melhor possível. E temos que conversar muito, sem achar que o outro lado, qualquer que seja o seu, é o dos bad guys.
2) Não devemos processar os fãs, mas não podemos legalizar o download gratuito.
Muitos “conservadores moderados” são contra o download não autorizado, mas não querem processar usuários. Concordam que essa atitude é antipática e inútil. Chegam a recriminar a RIAA. Ora, sem processo não há punição. E sem punição no horizonte, na prática, não há crime. Sem uma pena, o que impedirá o usuário de baixar uma canção? Nada. E não sejamos ingênuos a ponto de achar que uma campanha de conscientização poderia alterar significativamente as práticas sociais. Não conseguimos nem "arranhar" a atividade dos piratas de CDs, roupas, brinquedos etc. com as campanhas na TV. Então, se concordamos que processar nossos fãs não é o caminho, temos que abrir mão das nossas tentativas de controle e começar a imaginar alternativas para sermos remunerados. O download para fins não comerciais tem que ser legalizado. O meio do caminho não vai resolver nosso problema.
Isso é muito diferente da teoria de que “tem que ser tudo gratuito” e que “o artista só vai ganhar nos shows”. Ouvi de um teórico marxista que toda produção é social porque o autor recebeu da sociedade as armas e a bagagem para poder criar e que, por isso, sua obra deveria ser gratuita.
Temos que inventar um novo negócio. Para isso temos que tentar encontrar um caminho que ambos os “lados” possam percorrer juntos, sem radicalismos. Não é hora de buscarmos o confronto, mas os pontos em comum.
Continua em breve. Mas antes queria muito ouvir as opiniões de todos a respeito dessa questão.
28 de ago. de 2009
Lançamento de livro 2.0
Leio no Webinsider um texto do Fernand Alphen sobre a ousada estratégia de uma editora francesa. A ideia é lançar livros usando os blogs e a circulação da informação a favor do negócio.
Fora os suspeitos habituais independentes de que tanto comentamos aqui, não há no horizonte das gravadoras algo semelhante.
Vejam:
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Quando o livro ainda está manuscrito, a editora envia uma cópia, digitalmente é claro, para cerca de 200 leitores que se interessam pelo tipo de literatura em questão. Até aí, nada de novo: as editoras sempre fizeram esse tipo de teste.
Mas o que é diferente é que esses leitores estão devidamente conectados com seus próprios blogs e redes. A turma do sem-blog não serve, assim como não interessa quem só escreva em veículos especializados dead tree society.
A segunda novidade é que essas pessoas estão autorizados a divulgar criticas e o que quiserem do livro para seus leitores, mesmo que seja para destruir a obra ou xupinhá-la. Já sacaram que censura, jabá cozinhado e controle de pirataria é feitiço contra o feiticeiro.
Tudo isso acontece muitos meses antes do lançamento. Depois de um tempo, a editora analisa as repercussões, dos blogueiros e da audiência. Isso irá pautar o tipo de lançamento, o investimento na divulgação, e, claro, a tiragem do livro.
* * *
Vocês podem ler o artigo inteiro aqui.
27 de ago. de 2009
iPhone vai ter Spotify
Leio no Remixtures e no PaidContent UK que, após rumores em contrário, a Apple aprovou o aplicativo do Spotify para seus iPhones.
É uma notícia auspiciosa para todos.
Em primeiro lugar ganha, claro, quem gosta de música. No Spotify pode-se ouvir milhões de músicas com boa qualidade sonora, fazer suas próprias listas e, se pagar pelo serviço, sem comerciais. Você pode, por exemplo, dar uma festa abastecido apenas pelo Spotify.
Além disso, a disseminação do streaming abre a possibilidade de artistas serem remunerados por um serviço legal. Na trilha do Spotify, outros serviços semelhantes também poderão ter seus Apps, como o Rapshody e o Grooveshark.
Ganha a própria Apple, que com essa decisão fará com que mais gente queira possuir um iPhone. O incremento de compras do aparelho compensa a possível concorrência do Spotify com a iTunes Store. Também limpa um pouco a imagem da empresa, abalada com o episódio do Google Voice.
Mas a novela ainda não terminou. Pode ser que a Apple ainda implique com algumas funcionalidades do Spotify, como a que permite guardar listas de músicas no cache do aparelho, mesmo estando offline.
No entanto, isso tudo só vale para onde o serviço do Spotify é disponível, a saber, alguns países da Europa. Deve chegar ainda este ano aos States.
Já no Brasil...
21 de ago. de 2009
Pirate Bay legalizado come o pão que o diabo amassou
Deu hoje no Remixtures:
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Tudo parece correr mal com o “novo” Pirate Bay que a empresa sueca Global Gaming Factory X pretende erguer já a 27 de Agosto quando os seus accionistas se reunirem em conselho de administração para – se tudo correr como o previsto… – aprovarem o plano de aquisição do site de BitTorrent no valor de 5,5 milhões de euros anunciado em Junho deste ano. Destino oposto parece ser o do “velho” Pirate Bay, o tracker de ficheiros torrent que nos últimos anos provocou a ira da indústria de entretenimento.
Confusos? Bem, o facto é que muito mais do que um local/território com fronteiras bem definidas, a “Baía dos Piratas” sempre foi um rizoma ou um espaço de fluxos. A transição actualmente em curso apenas representa o culminar de um processo de desterritorialização em que o Pirate Bay passará a estar em toda a parte menos no domínio ThePirateBay.org. No futuro não haverá uma única “Baía dos Piratas” mas sim várias espalhadas por todo o mundo. E desta vez será completamente impossível exterminar esta hidra.
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Leia o resto da reportagem aqui.
18 de ago. de 2009
Verdes defendem que tarifa plana é a melhor forma de resolver o problema da “pirataria”
"A nível europeu, os Verdes têm sido a força política que mais tem defendido os interesses dos internautas e dos artistas não associados às grandes editoras discográficas no debate sobre os direitos de autor e a partilha de ficheiros. Basta lembrar que foram eles os responsáveis pela campanha I Woudn’t Steal destinada a esclarecer que quem faz downloads ilegais não deve nem pode ser comparado a um assaltante de carros.
Mais recentemente, foram eles que na sequência da apresentação de um texto de compromisso entre a eurodeputada Catherine Trautmann e o Conselho da União Europeia de modo a comprometer o espírito da emenda 138 anti-resposta gradual, reintroduziram o texto original da emenda que acabou por ser aprovado por uma extensa maioria dos eurodeputados e onde se refere explicitamente que o acesso à Internet não pode ser privado aos cidadãos sem a obtenção de uma decisão judicial prévia.
Não admira por isso que eles considerem que existe um meio termo entre a mera repressão ao estilo francês em que ninguém – nem mesmo os artistas – ficam a ganhar dinheiro e o “tudo grátis” que apenas contribui para engordar as receitas das grandes operadoras de telecomunicações. Segundo a eurodeputado Helga Trüpel e vice-presidente do Comité para a Cultura e os Media do Parlamento Europeu, essa solução intermédia passa pela implementação de uma tarifa plana para o acesso à cultura ou aquilo que os franceses designam por licença global.
O esquema passa pelo pagamento de uma mensalidade que dará direito a descarregar todos os ficheiros de música e vídeos disponíveis online. Na prática, a legalização da partilha de ficheiros consistira numa excepção ao direito de autor vigente para fins exclusivamente pessoais e não comerciais.
Para Grietje Staffeit, deputada dos Verdes, as vantagens dessa tarifa plana são óbvias: para além de descriminalizar os utilizadores de P2P, serviria ainda para remunerar os criativos bem como para aliviar o sistema judicial e os ISPs da perseguição em larga escala.
É claro que para que um sistema deste tipo entre em vigor será necessário efectuar algumas modificações ao quadro jurídico comunitário e alemão. Mas na opinião dos Verdes, estas adaptações não devem constituir uma desculpa para a inércia ou mesmo para a repressão. Na Alemanha, os Verdes já optaram por incluir a tarifa plana cultural no seu programa eleitoral para as eleições europeias do próximo dia 7 de Junho. Ali se pode ler o seguinte:
Rejeitamos claramente a onda enorme de processo, as intrusões na esfera privada, a adopção de DRM ou a filtragem dos dados transmitidos online. Tratam-se de intrusões desproporcionais aos direitos dos utilizadores.
A mesma referência deverá também ser adicionada ao programa eleitoral do partido para as eleições nacionais. Os sociais democratas também mencionam a necessidade de se avaliar o modelo da tarifa plana para a cultura na proposta do texto que serve de plataforma para as eleições nacionais.
Mas os Verdes não se ficaram por aqui e encomendaram ao Instituto Europeu para o Direito dos Media (EML) um estudo que analisa a viabilidade legal do modelo. De momento, a pesquisa só se encontra em alemão mas está já a ser preparada uma tradução para inglês. Enquanto essa tradução não chega, podemos já consultar alguns dos principais pontos focados na investigação graças a um artigo de Volker Grassmuck publicado no IP Watch (via ZeroPaid).
Apesar da imensidão de modelos sobre a licença voluntária global apresentados até hoje, até hoje nunca ninguém se tinha dado ao trabalho de fazer uma análise tão detalhada e profunda do tema como os investigadores do EML. No estudo, eles enumeram todas as falhas e defeitos das licenças planas acordadas entre privados e as subscrições voluntárias para propor uma licença legal assente em excepções à lei de direitos de autor e taxas compulsivas.
Segundo Alexander Roßnagel, director científico do EML e vice-presidente da Universidade de Kassel, os requisitos mínimos para a tarifa plana cultural assentam em:
- uma licença legal que permita que indivíduos privados partilhem entre si obras protegidas por direitos de autor para fins não comerciais.
- uma taxa plana possivelmente cobrada pelos ISPs e com um valor diferente consoante a velocidade de acesso do utilizador.
- Uma gestão colectiva, isto é, um mecanismo para recolher o dinheiro e distribuí-lo de uma forma justa.
Na opinião da equipa de Roßnagel, as alterações legais que esta tarifa plana exige são plenamente viáveis quer a nível alemão, quer europeu. O estudo termina com o seguinte recado: “A introdução legal da tarifa plana para a cultura (…) é apenas a consequência lógica da revolução tecnológica introduzida pela Internet.” Será que alguém estará a ouvir? Até quando é que os artistas e restantes criadores irão continuar a perder dinheiro graças à teimosia das entidades que os representam?
(foto de mac42 segundo licença CC-BY-NC 2.0)
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Em seu blog ele criou um sistema Freemium que dá a quem contribuir o direito de encomendar textos sobre assuntos específicos de novas tecnologias nas áreas de música, cinema, jornalismo etc. e ainda proporciona a artistas a possibilidade de ter orientação profissional no que tange a mídias sociais e atividades na internet. Vale a pena dar uma passeada por lá - é quase a mesma língua (rsrs) - e até se cadastrar no RSS para receber todos os posts.
16 de ago. de 2009
Indústria fonográfica desenvolve novo formato de áudio para substituir mp3
Deu na coluna Digital, de O Globo:
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As quatro grandes gravadoras (Sony, Warner, EMI e Universal) estão desenvolvendo um formato de arquivo de áudio para lançar álbuns digitais, numa nova (e tardia) tentativa de controlar o mercado de downloads de músicas. Segundo o The Times, o novo formato, batizado de CMX, trará uma "versão computadorizada dos encartes que vêm em CDs tradicionais, com letras, arte e até mesmo vídeos". O plano é lançar os primeiros produtos em CMX em novembro, possivelmente com um novo album do U2.
- Quando você clicar no nosso arquivo ele trará um visual totalmente novo, com uma página de abertura e todas as opções. Você não terá acesso apenas às dez faixas, mas também à arte do album, vídeos e conteúdo de plataformas móveis - disse uma fonte das gravadoras ao Times.
Além da da desconfiança de um público hostilizado pela indústria há 10 anos e da ubiquidade do mp3, o domínio da Apple no mercado de tocadores digitais será um desafio para a popularização do CMX.
Segundo o Times, as gravadoras chegaram a conversar com a Apple há cerca de 18 meses sobre a criação do novo formato. A fabricante dos iPods não aceitou a parceria e pouco tempo depois anunciou que criaria o seu próprio formato, que está sendo chamado de Coquetel e deve ser lançado em setembro.
A indústria diz que não pretende "empurrar" o novo produto e fará pequenos lançamentos para estudar a reação do público. Um acordo com a Apple, para que o produto funcione nos iPods e iPhones certamente será crucial. Se não for assim, as pessoas terão apenas de converter os arquivos para mp3 e seguir sua vida normalmente. Algum software para isso será criado, com certeza.
O CMX é uma tentativa de reanimar o mercado de álbuns, que perdeu força com a chegada da era digital. A transição dos CDs para os downloads representou um retorno ao mundo dos "compactos". Dados da Entertainment Retailers Association revelam que apenas 10,3 milhões dos 139,8 milhões de álbuns vendidos no ano passado foram downloads.
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12 de ago. de 2009
Aprenda com Amanda Palmer a usar o Twitter
Abaixo, o vídeo propriamente dito e uma entrevista com ela sobre entrar em contato com os fãs:
How Amanda Palmer connects with her fans from David Meerman Scott on Vimeo.
11 de ago. de 2009
Estudo britânico: Mudanças na relação dos adolescentes com a música
Deu no Hypebot e o Musicalíquida traduziu.
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Uma nova pesquisa da UK Music joga uma luz sobre a complexidade do consumo, cópia e compartilhamento de música entre jovens de 14 a 24 anos.
Principais resultados:
- Música continua sendo a forma de entretenimento mais valorizada.
- 87% disseram que, para eles, copiar entre aparelhos é importante.
- 86% já copiaram um CD para um amigo; 75% enviaram musica por e-mail, Bluetooth, Skype ou MSN; 57% já copiaram a coleção de musicas completa de um amigo; 39% já baixaram música.
- Há um interesse real por novos serviços legalizados. 85% dos usuários de sites P2P disseram que se interessariam em pagar por um serviço de download ilimitado de MP3, tipo pega-o-que-você-quiser, de um site de armazenamento online; e 38% já riparam stream de TV, rádio ou internet.
- O computador é a grande central de entretenimento – 68% dos entrevistados o utilizam diariamente para ouvir música. O adolescente em média já juntou uma coleção de mais de 8.000 faixas.
- A posse da música é extremamente importante – online e offline.
- A popularidade do P2P permanece imutável desde 2008 – 61% disseram que baixam música usando redes p2p ou torrent trackers. Deste grupo, 83% o fazem semanalmente ou diariamente.
- Os jovens têm uma noção inerente do que é copyright, mas optam por ignorá-lo – a vasta maioria dos entrevistados sabiam que compartilhar conteúdo com copyright é ilegal e ainda assim continuam a fazê-lo.
“Claramente, o formato do nosso negócio como um todo continuará a evoluir. No entanto, não alcançaremos nada se não trabalharmos com os fãs de música, os fãs jovens em particular”, continuou. “Ignorar esse engajameto é por nossa conta e risco. Essa mensagem é clara.”
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Vocês conhecem alguma pesquisa assim no Brasil?
Quais seriam os resultados?
Crédito da imagem: UK Music
Baixar músicas de graça é ilegal? Manual anti-stress para detentores de direito autoral
Faço minhas as sábias palavras de Michael Masnick do TechDirt em seu blog sobre estatísticas de download entre os jovens que mostra que esse é um hábito arraigado entre eles e que 50% deles na Inglaterra baixaram em média 8.100 músicas.
"Eu não acho que seja correto ou legal – no seu sentido jurídico – baixar músicas de um artista que não o autorize. Mas o fato é que o compartilhamento de arquivos na rede não é algo pequeno, especialmente entre os jovens, e pensar que há uma fórmula mágica para fazer esse hábito desaparecer não passa de pensamento positivo. Dado que estamos vendo cada vez mais artistas abraçarem o download gratuito para impulsionar suas carreiras, em algum momento os que estão brigando contra isso terão que reconhecer que – do ponto de vista dos detentores de direitos autorais – é melhor não brigar contra os desejos dos consumidores, mas incorporá-los a um modelo de negócios mais inteligente e parar de se preocupar."
10 de ago. de 2009
Tudo sobre a minha palestra "A Música no Mundo Digital"
Quem acessar a página ainda vai poder ouvir tudo que eu disse. É claro que não poderão ver os slides que ilustram a palestra. Mas eu prometo que vou colocar trechos de vídeo aqui em breve. Mas, para compensar, ela postou várias fotos do evento.
A blogueira, Diana Pádua, tem 26 anos, mora em Guarapari - ES, trabalha como Gestora 2.0 na LCA promo e estuda Gestão da Comunicação Estratégica.
Sem mais delongas:
Workshop com o Leoni – A música no mundo digital
Posted by Diana Pádua | Posted in Eventos, Música | Posted on 09-08-2009
Ontem (08/08/09), fui assistir ao workshop do cantor e compositor Leoni, sobre a Música no Mundo Digital.
Promovido pela UVV (Universidade de Vila Velha), o projeto é desenvolvido em parceria da universidade com Edu Henning, da Banda Clube Big Beatles, e faz parte do projeto Sócio de Carteirinha, em que um artista nacional de destaque canta sucessos dos Beatles com a Banda Big Beatles no Spírito Jazz (casa excelente em Vitória, e com a qual estou trabalhando também para um outro projeto. Mais informações em breve! ;) ). O projeto já trouxe também o cantor e compositor George Israel, do Kid Abelha, o cantor Léo Jaime, Zé Renato, do Boca Livre, e o saxofonista Léo Gandelman.
Bom, foi uma palestra excelente: bom conteúdo, boas (novas) informações, boa música. :)
Leoni começou contando um pouco sobre sua carreira, no Kid Abelha, nos Heróis da Resistência, e na carreira solo, além de suas parcerias com artistas como Cazuza, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Ney Matogrosso, enfim…
Depois, compartilhou sua visão de que “Fã não é pirata”, a favor dos downloads gratuitos, e falou de vários projetos em que participa, como o MPB (Música Pra Baixar), movimento contrário à Lei Azeredo, que tipifica crimes na internet, além do PEC (Projeto de Emenda Constitucional) que pretende acabar com o imposto sobre a música. Para quem não sabe, livros e revistas estão livres de impostos, e isso não acontece na música. Por isso aquelas revistas bastante comuns de 5 páginas com um CD “gratuito”, por um preço um tantinho alto: o preço é para pagar os custos de produção, mas para se fugir do imposto, fazem uma publicação mínima, que custa uns 15 reais.
Enfim, voltando. Um dos pontos bastante falados na palestra foi as alternativas existentes (para o artista e o compositor) para ganhar dinheiro, sem depender das vendas de CDs e DVDs. Duas que me chamaram a atenção foram o ArtistShare, um projeto muito legal (quase exclusivamente para artistas de jazz) que cria “pacotes” de produtos dos artistas para vendas. Exemplo: se você comprar o pacote 1, você tem direito a baixar vídeos de making-of. Mas existem pacotes bem mais caros e exclusivos para apenas uma pessoa, que irá inclusive jantar com o artista, ser convidado para todos os shows do artista, participar das gravações, enfim…
O outro serviço que me chamou a atenção é o Spotify, um serviço legal de streaming, que te permite ouvir qualquer música, inclusive offline, pagando 10 dólares por mês. A discussão agora é se o aplicativo desenvolvido por eles para iPhone/iPod Touch será aceito pela Apple, já que é um forte concorrente para o iTunes.
Bom, melhor do que eu tergiversando aqui (chique, não? Nunca achei que eu fosse usar a palavra “tergiversar“), é ouvir a palestra todinha. É só clicar no play e pronto! :)
3 de ago. de 2009
As críticas mais frequentes ao download gratuito - e algumas ponderações
Baseado no que foi escrito por lá, resolvi escrever uma pequena cartilha de Críticas Frequentes. Acho que será útil para enriquecer nossas discussões.
Lá vai:
• Gravar custa dinheiro, portanto o download não pode ser gratuito – dizer que não pode é feito brigar contra a Lei da Gravidade. No mundo digital todo o cuidado é inútil, a música vai vazar e ser gratuita - o mesmo já acontece com jornais, filmes, livros etc. Mas isso não significa que não haja outras formas de se ganhar dinheiro além do CD e do download. Tentar controlar só vai gerar uma internet vigiada, diminuir nossa privacidade e conduzir toda a população conectada para a ilegalidade.
• Os artistas não estão tão preocupados por que podem fazer shows, mas e o compositor? Esse não pode permitir o download gratuito – O compositor vai continuar ganhando onde o artista ainda ganha – shows e execução pública – e vai perder onde o artista já perdeu – venda de CDs. E não há muito mais que possa ser feito. A receita de todo mundo diminuiu e o compositor vai ter que se adequar a essa realidade.
• Baixar música de graça é o mesmo que entrar numa loja e roubar uma calça – na internet o que você está baixando é uma cópia que não custou nenhum centavo à gravadora. E que vai ser distribuída sem custo para as mesmas. Quanto a dizer que se perde venda com cada download, posso dizer que nem sempre é verdade. Pelo menos não vejo como provar. As pessoas baixam muito mais músicas do que comprariam, mesmo se tivessem dinheiro para tal. Elas querem conhecer antes de gastar dinheiro. Esse busca pode acabar gerando vendas.
• Ninguém vai continuar fazendo música sem ser remunerado – Desse jeito só os amadores, realmente. Só vai continuar na profissão quem estiver atento aos novos modelos e possibilidades e encontrar um jeito de se financiar, seja através dos fãs – o que inclui shows, merchandising, vendas de música etc. -, seja com anúncios, patrocinadores etc. Os outros vão abandonar o barco, com certeza. Essa, inclusive, será uma forma de filtrar essa avalanche de artistas que a democratização das novas mídias criou.
• A pirataria existe porque o CD é caro – não era caro quando não tínhamos outra opção. É mais barato do que sair para jantar com a namorada e dura mais – às vezes até mais que o namoro! A escassez faz o preço subir. O problema é que hoje existem muitas outras formas de se chegar à música. Ela não é mais escassa e aí quem determina o preço é o consumidor – e esse não quer pagar por um produto ruim como o CD. Melhorando a embalagem uma parte dos consumidores pode retornar.
• Compartilhar arquivos digitais é pirataria – Pirataria é obter vantagens financeiras com o trabalho de outras pessoas sem compensá-las por isso. Essa é a opinião dos advogados do site Consultor Jurídico. Fã não é pirata, é divulgador.
• Isso tudo é muito bonito mas esses negócios na internet não se sustentam ou são passageiros – é, em grande parte, verdade. A maioria não se sustenta mesmo, mas alguns se sustentam muito bem como o Google – que é gratuito e ganha uma fortuna com anúncios. É uma época de experimentação e muita coisa ainda vai dar errado. Mas é melhor experimentar que tentar manter um modelo que já não se sustenta faz tempo. Por isso é preciso se informar e aprender com o que vem dando resultado, ao invés de tentar segurar o tempo com as mãos. Um importante motivo para que esses novos negócios não se desenvolvam é a ação da RIAA e das editoras. Elas querem recuperar de uma vez a queda de suas receitas e acabam estrangulando o que poderia ser sua galinha dos ovos de ouro como o YouTube, MySpace, iMeem, Pandora, Spotify etc. Cobrar menos de muito mais gente é bem mais sensato que tentar criar uma escassez artificial e cobrar muito de poucos.
Se vocês tiverem mais dessas Críticas Frequentes, por favor, nos enviem para que possamos anexar à cartilha.