Deu n'O Globo. A falta de uma compreensão real de como as coisas funcionam em tempos digitais geram situações patéticas como esta. Hipocrisia ou burrice? Você decide.
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RIO - Depois de postar uma crítica ao download ilegal de arquivos em sua página no MySpace, Lily Allen entrou de vez na encarniçada batalha da música digital. Posicionando-se claramente contra a Featured Artists Coalition (FAC), entidade que reúne artistas como Radiohead, Robbie Williams, Annie Lenox e Tom Jones, ela acaba de criar o blog "It's not allright" ("Não está certo"), que tem recebido apoio de artistas como James Blunt ou Matt Belamy, da banda Muse, todos contrários ao compartilhamento livre de arquivos. "Lily Allen é nossa líder", exagerou Blunt.
A adesão de seus colegas não livrou Lily de nova e irônica polêmica: ela copiou, sem dar o devido crédito, um post sobre o rapper americano 50 Cent, publicado originalmente no site Techdirt.com. No texto, o rapper diz acreditar que a pirataria faz parte do marketing da música e que lutar contra ela é inútil. "Isso é particularmente egoísta, do meu ponto de vista. Parece que ele pensa apenas em como a pirataria pode afetá-lo. E os caras que dão duro no estúdio? E os garotos que correm a cidade colando posteres?", questiona Allen.
Já Mike Masnick, autor do texto original, ironizou a lógica dos argumentos de Allen. "É maravilhoso que Lily Allen dê tanto valor aos nossos posts, a ponto de decidir copiar - ou deveria dizer 'piratear'? - um texto inteiro", provocou Masnick, em entrevista ao blog TorrentFreak.
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Leia o resto da matéria aqui.
22 de set. de 2009
Taxa sobre streaming de música quase matou webrádio nos EUA
Tirei esse texto do Estadão de domingo, escrito por Rafael Cabral. Serve para mostrar a insensatez da indústria da música, que, para proteger o que já ficou no passado, acaba matando o seu futuro. Precisamos começar a negociar logo taxas mais justas de remuneração na internet, que permitam que os novos negócios se firmem e nos tragam o futuro. Que sempre chega, ainda bem.
Nascido em 2004, o Pandora fez história na internet como uma rádio online que criava listas baseadas no “DNA de suas músicas preferidas”. Por conta de decisão de 2007 da Comissão Federal de Direitos Autorais dos EUA, no entanto, o negócio ficou inviável. Os sites em streaming teriam que pagar royalties de cerca de US$ 0,19 cada vez que uma música fosse executada. Seu fundador, Tim Westergren chegou a declarar ao Washington Post que pensava em “tirar o site da tomada” e que seria o fim da transmissão musical pela web. “Era uma decisão radicalmente injusta e ilógica da indústria”, disse ele, em entrevista ao Link.
Mas em vez de se conformar em perder para o lobby das rádios AM/FM, o empresário decidiu criar também o seu: os 46 milhões de usuários de cadastrados no Pandora. Westergren se organizou com outros sites e denunciou a medida, que claramente beneficiava as emissoras tradicionais. No dia 26 de junho de 2007, eles realmente “puxaram a tomada” – mas apenas em um protesto que seria determinante para forçar um reajuste que significaria nova vida para os sites em streaming.
Seria essa a primeira vez que as rádios online conseguiam resistir à pressão da indústria e, principalmente, de suas concorrentes offline – essas sim, diz Westergren, com um modelo de negócio fadado a acabar. Foi justamente pela insatisfação que elas causavam ao então pianista e produtor musical que surgiu o Pandora.
A experiência das rádios online não poderia ser mais diferente. Nós, por exemplo, temos uma coleção de 700 mil músicas, 90% delas tocadas no mês passado. Isso jamais aconteceria em emissoras comuns”, defende. Não há como negar, no entanto, que o Pandora sofreu o baque de concorrer com elas. Hoje o site é restrito aos Estados Unidos, cobra taxas de quem ouve mais que 40 horas por mês e seus usuários são impedidos de repetir faixas ou pular músicas.
Mas Westergren já tem um plano B: a telefonia celular. “Os dispositivos móveis são o caminho; 30% da nossa audiência já vem de celulares, com apenas um ano no mercado”, diz. “Eles são a chave para lugares que apenas rádios tradicionais ocupavam"
Estações online miram o celular
Assim como o Pandora, a rede social de música Last.fm, que também funciona como uma rádio online, teve de começar a cobrar seus ouvintes em março deste ano (exceto aqueles de fora dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha) para continuar existindo.
Derrotados pela lei, os sites em streaming começaram a apostar na audiência da telefonia móvel, disposta a pagar por serviços. Acertaram em cheio.
As plataformas móveis estão revitalizando esse mercado, que estava em vias de falir por causa da questão dos royalties.Tanto o Pandora quanto o Last.fm têm aplicativos para o iPhone, Palm Pre, Blackberry e Android.
Segundo o fundador do Pandora Tim Westergren, três quartos dos assinantes da versão móvel não ouviam rádios na internet e foram atraídos pela simplicidade do streaming em contraste com os MP3 players comuns.
“Mais do que nunca, acho que o futuro próximo está nas plataformas móveis, que nos levam para os lugares que 80% das pessoas ouvem rádio: suas casas, carros e na rua”, explica. Além disso ele explica que usuários do Pandora em celulares clicam quase duas vezes mais em anúncios do que aqueles que o acessam pelo computador.
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16 de set. de 2009
Fazendo as pazes – os comentários
Antes de qualquer análise do que foi escrito a respeito do último post, quero salientar a coincidência de receber, via Twitter, um artigo do Ted Cohen - que já foi um alto executivo da EMI e hoje dá consultoria para empresas sobre entretenimento digital - que foi sintetizado no Hypebot sob um título muito parecido com o nosso: Give Peace a Chance. O original se chama A Delicate Balancing Act e merece uma lida na íntegra. Lá ele argumenta que a guerra entre detentores de direitos autorais, de um lado, e usuários e novos negócios, de outro, está criando uma espiral mortal. Diz ainda que uma trégua tem que ser tentada imediatamente. Ele acena com a tarifa plana, se pergunta se ela daria certo e se responde que o único jeito de descobrir é tentando. Mais material para o nosso bate-bola. Quando eu tiver tempo, traduzo para postar no Música Líquida.
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Demorei muito a voltar por aqui, porque, além de ter andado muito ocupado com outros textos – canções e um livro em andamento -, os comentários aqui foram tão profundos e diversos que foi difícil pensar em como dar prosseguimento a esse tópico. Achei melhor, antes de partir para a segunda parte do assunto, discutir um pouco mais as dúvidas que apareceram. Os comentários demonstram as muitas posições e ideias da sociedade como um todo. Tentei separar em assuntos para facilitar as respostas.
1) Tarifa plana
A proposta da tarifa plana criou alguns debates, inclusive um que rolou por e-mail, paralelo ao Música Líquida, com o Beni Borja e o Gilberto Martins (advogado especializado em direitos autorais na internet).
a) imposto numa hora dessas?
A tarifa plana seria um imposto agregado ao valor das assinaturas de banda larga, proporcional ao tamanho da mesma. Ora, a criação de qualquer imposto é sempre algo muito impopular. Em época de eleição, ainda... Para isso o Governo deixaria de ser o mediador dessa conversa para se transformar no principal agente. Caso ele não conseguisse a aprovação dos detentores de direitos autorais, teria que “desapropriar” inúmeras obras para disponibilizá-las na rede. A guerra continuaria. E os direitos adquiridos? Qual valor seria justo? A solução que pareceu mais viável é começarmos com negociações, como as de uma convenção coletiva de consumo – que é puramente negocial. Tomara que alguém entenda disso para me explicar melhor, porque fiquei boiando. As leis viriam mais tarde, a reboque de uma prática social consolidada. Não é simples coincidência que tenham aparecido tantos artigos relacionados à tarifa plana na internet ultimamente.
b) como distribuir o imposto arrecadado?
A primeira coisa que foi colocada em cheque foi a idoneidade das concessionárias para a distribuição. Há um medo de que elas se “apoderem” da taxa. Quanto a isso, eu não me preocuparia. Tratando-se de um imposto, ou elas pagam ou vão ter que ajustar contas com o Fisco. Não há como colocar no bolso e ficar por isso mesmo. Quanto a usarem o imposto como desculpa para elevar mais seus serviços, é possível, mas não acho provável. Há muita competição entre elas e uma vontade enorme de atingir cada vez mais usuários. Aumentar seu preço não parece uma atitude inteligente nesse cenário. Mas é claro que não dá para descartar. Quanto a quem vai receber o montante da tarifa plana, temos que usar a tecnologia existente para mensurar quem tem sido mais baixado e quem tem sido mais ouvido, da forma mais eficiente possível. A distribuição tem que ser transparente. É mais um ponto que exige negociação, já que não há modelos implantados para seguirmos.
2) Direitos Autorais
Esse é o ponto fundamental dessa história e eu vou falar mais sobre ele no próximo post. Aguardem. Espero os comentários dos comentários. Adoraria levar esse debare a um outro nível.
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Demorei muito a voltar por aqui, porque, além de ter andado muito ocupado com outros textos – canções e um livro em andamento -, os comentários aqui foram tão profundos e diversos que foi difícil pensar em como dar prosseguimento a esse tópico. Achei melhor, antes de partir para a segunda parte do assunto, discutir um pouco mais as dúvidas que apareceram. Os comentários demonstram as muitas posições e ideias da sociedade como um todo. Tentei separar em assuntos para facilitar as respostas.
1) Tarifa plana
A proposta da tarifa plana criou alguns debates, inclusive um que rolou por e-mail, paralelo ao Música Líquida, com o Beni Borja e o Gilberto Martins (advogado especializado em direitos autorais na internet).
a) imposto numa hora dessas?
A tarifa plana seria um imposto agregado ao valor das assinaturas de banda larga, proporcional ao tamanho da mesma. Ora, a criação de qualquer imposto é sempre algo muito impopular. Em época de eleição, ainda... Para isso o Governo deixaria de ser o mediador dessa conversa para se transformar no principal agente. Caso ele não conseguisse a aprovação dos detentores de direitos autorais, teria que “desapropriar” inúmeras obras para disponibilizá-las na rede. A guerra continuaria. E os direitos adquiridos? Qual valor seria justo? A solução que pareceu mais viável é começarmos com negociações, como as de uma convenção coletiva de consumo – que é puramente negocial. Tomara que alguém entenda disso para me explicar melhor, porque fiquei boiando. As leis viriam mais tarde, a reboque de uma prática social consolidada. Não é simples coincidência que tenham aparecido tantos artigos relacionados à tarifa plana na internet ultimamente.
b) como distribuir o imposto arrecadado?
A primeira coisa que foi colocada em cheque foi a idoneidade das concessionárias para a distribuição. Há um medo de que elas se “apoderem” da taxa. Quanto a isso, eu não me preocuparia. Tratando-se de um imposto, ou elas pagam ou vão ter que ajustar contas com o Fisco. Não há como colocar no bolso e ficar por isso mesmo. Quanto a usarem o imposto como desculpa para elevar mais seus serviços, é possível, mas não acho provável. Há muita competição entre elas e uma vontade enorme de atingir cada vez mais usuários. Aumentar seu preço não parece uma atitude inteligente nesse cenário. Mas é claro que não dá para descartar. Quanto a quem vai receber o montante da tarifa plana, temos que usar a tecnologia existente para mensurar quem tem sido mais baixado e quem tem sido mais ouvido, da forma mais eficiente possível. A distribuição tem que ser transparente. É mais um ponto que exige negociação, já que não há modelos implantados para seguirmos.
2) Direitos Autorais
Esse é o ponto fundamental dessa história e eu vou falar mais sobre ele no próximo post. Aguardem. Espero os comentários dos comentários. Adoraria levar esse debare a um outro nível.
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